Pesquisadores descobriram que o uso de injeções com hormônios podem ter causado a transmissão

Uma pesquisa envolvendo hormônios de crescimento humano, conduzida de 1959 a 1985, possivelmente conduziu à transmissão de Alzheimer para pelo menos cinco indivíduos.

Os cientistas da University College London, do Reino Unido, fizeram essa revelação por meio de uma publicação na revista Nature Medicine.

A pesquisa em foco incluiu 1.848 crianças com baixa estatura que usaram injeções de um hormônio de crescimento obtido a partir de cérebros de cadáveres, frequentemente ao longo de vários anos.

Décadas depois, quando esses pacientes tinham entre 40 e 50 anos, ou mesmo 30 anos, começaram a apresentar sinais de Alzheimer.

Chamou a atenção o fato de essas pessoas nem sequer terem as mutações genéticas conhecidas que podem aumentar o risco de Alzheimer de início precoce.

Qual a explicação para a transmissão de Alzheimer?

Há alguns anos, os cientistas descobriram que esse tipo de tratamento hormonal poderia transferir involuntariamente pedaços de proteína para o cérebro dos receptores.

Em alguns casos, induziu uma doença cerebral fatal chamada doença de Creutzfeldt-Jakob, ou DCJ – uma descoberta que levou à proibição do procedimento há 40 anos.

Ao que parece, não eram apenas as proteínas por trás da DCJ que poderiam ser transferidas.

De acordo com o novo estudo, o transplante hormonal semeou a proteína beta-amiloide, agente causadora do Alzheimer, no cérebro de alguns receptores, que, décadas depois, se propagou em placas causadoras de doenças.

São os primeiros casos conhecidos de doença de Alzheimer transmitida, provavelmente uma anomalia científica.

Qual a opinião da sociedade científica?

Outros cientistas que não fizeram parte do estudo consideraram as descobertas legítimas, em particular porque apenas as pessoas que receberam hormônio de crescimento preparado de uma forma específica – um método que não elimina pedaços de proteína – desenvolveram demência.

Tais incidentes de doença são conhecidos como “iatrogênicos”, ou seja, o resultado de um procedimento médico.

Em condições como a DCJ iatrogênica, os agentes transmissíveis são conhecidos como príons – basicamente, pedaços de proteína mal dobrados que causam doenças, como uma espécie de bactéria infecciosa.

No entanto, os autores do estudo, assim como os investigadores externos, salientaram que o Alzheimer não é uma doença contagiosa que se possa contrair cuidando de um familiar, por exemplo.

Além disso, os casos vinculados ao tratamento com hormônio de crescimento cadavérico também não são mais possíveis, pois agora se usa um hormônio sintético seguro.

Por Catraca Livre