Estudantes fizeram uma manifestação pacífica com cartazes durante a visita dos membros do Consuni na última quinta-feira - Divulgação

Problemas como falta de professores e infraestrutura foram abordados durante a visita dos membros do Consuni

Estudantes e a coordenação de Medicina seguem buscando uma solução junto à reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para tentar resolver os problemas que têm comprometido o andamento do curso no Campus Macaé.

A falta de professores, problemas de infraestrutura e o desejo de criar a Faculdade de Ciências Médicas para ter mais autonomia foram colocados em pauta durante a visita dos membros do Consuni, que é o maior órgão deliberativo da UFRJ, na última quinta-feira (24). O jornal O DEBATE teve acesso a um vídeo, enviado por estudantes, com trechos da sessão solene em comemoração pelos 10 anos dos cursos de graduação de Enfermagem e Obstetrícia, Medicina e Nutrição em Macaé.

Compuseram a mesa a reitora, Denise Pires de Carvalho, o vice-reitor, Carlos Frederico Rocha, os pró-reitores Gisele Pires (PR-1), Eduardo Raupp (PR-3), Ivana Bentes (PR-5), André Esteves (PR-6), o prefeito do Campus Cidade Universitária, Marcos Maldonado, e a diretora-geral do Campus UFRJ-Macaé, Roberta Pereira Coutinho.

Em nome dos alunos, a vice-coordenadora do curso de Medicina em Macaé, Prof.ª Laila Zelkovicz Ertler, entregou uma carta a cada representante do conselho com a lista de reivindicações. Além disso, em seu breve discurso, ela pediu um maior apoio da universidade para solucionar os problemas que poderiam comprometer o andamento dos próximos semestres, o que afetaria estudantes de vários períodos.

“A gente pede, encarecidamente, ao conselho que tenha os olhos para a urgência do campus. Hoje o nosso curso está com problemas reais. Um deles é o de oferta de disciplinas obrigatórias para o próximo semestre de 2020 em dois períodos. Se isso não for resolvido de maneira urgente, teremos problemas que vão afetar outros períodos e teremos que parar a universidade, o curso de Medicina. E isso a gente não quer que aconteça. Então nós estamos pensando em medidas para agora e também para médio e longo prazo para manter esse curso”, explica.

A vice-coordenadora espera que tudo seja resolvido e Macaé consiga manter o seu nível de excelência. “Desde que entrei aqui, eu luto para que os alunos saiam daqui médicos de verdade, que se importem com o paciente e tenham uma bagagem que saiba fazer diagnóstico, cuidar da saúde do outro. Para isso, a gente precisa de professor. Sem eles não há como ter uma universidade. Temos pouquíssimos técnicos e professores que se desdobram em fazer todas as funções aqui do campus. Precisamos de mais gente aqui dentro que se comprometa com o ideal dessa faculdade, que é formar profissionais, independente do curso”, disse.

Durante o discurso, um grupo de estudantes realizou uma manifestação pacífica com cartazes. “Tivemos a perda de 28 vagas nesses últimos anos para professores e precisamos que elas retornem. A UFRJ precisa tomar uma posição se realmente deseja manter o desafio de termos um curso de Medicina no interior do estado, abraçando pra si essa responsabilidade”, finalizou.

Após a reunião, alguns dos estudantes conversaram novamente com a nossa equipe de reportagem. “Parece que alguns problemas serão resolvidos. Entre as promessas feitas por eles estão a liberação de concurso para o curso de Medicina sem DE já na próxima reunião do Consuni e a prioridade na contratação de professores para medicina Macaé”, diz um dos estudantes, que pede sigilo do nome.

O que disse a UFRJ

Procurada pela nossa equipe de reportagem na semana passada, a UFRJ disse que a “Reitoria, empossada em julho de 2019, está empenhada na resolução dos problemas de estrutura existentes no campus Macaé Prof. Aloísio Teixeira porque acredita que sua justificativa de existência se deve ao pioneirismo de profissionais ligados à educação que ousaram em interiorizar a UFRJ no Norte Fluminense, onde o principal compromisso da Universidade é com a sociedade brasileira, favorecendo uma formação universitária de qualidade, respeitosa com as mais variadas formas de saber e comprometida com a cidadania.

Quanto à questão da contratação de professores, a Reitoria afirmou que colocará a pauta em discussão no Conselho Universitário (Consuni) no mês que vem, que já se aproxima, para resolução imediata a fim de que os alunos tenham a formação UFRJ de excelência, com sua regularidade.

No que se refere à questão da criação da Faculdade de Ciências Médicas, o tema terá atenção da atual Reitoria e será resolvido. Entretanto, ela diz que o modelo de implantação regimental do Campus Macaé não foi definido, haja vista a necessidade de uma construção coletiva junto ao corpo social do Campus Macaé.