Esta estratégia, focada em atividades lícitas para lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas, prioriza o apoio a candidaturas para vereadores e prefeitos

Facções criminosas, incluindo o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), estão se infiltrando em municípios brasileiros com o objetivo de obter contratos milionários com prefeituras e influenciar decisões políticas locais. Esta estratégia, focada em atividades lícitas para lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas, prioriza o apoio a candidaturas para vereadores e prefeitos em detrimento de cargos legislativos federais, de acordo com investigações em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Ceará.

A série de reportagens iniciada pelo Estadão nesta segunda-feira (19) revela a profundidade da atuação do crime organizado no Poder Público, destacando casos de pagamento milionário de uma prefeitura a empresas de transporte vinculadas ao crime e a condenação de ex-políticos por envolvimento com facções. Em alguns casos, a influência criminosa resultou até no assassinato de um parlamentar, evidenciando o perigo que essas organizações representam à segurança nacional.

O promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo, enfatiza que o interesse das facções nas câmaras municipais se dá pela gestão de contratos públicos essenciais, como coleta de lixo e transporte público. Além disso, o apoio financeiro e político a candidatos nas eleições de 2016 e 2020 em diversas cidades paulistas exemplifica a estratégia de infiltração nas estruturas de poder local.

Este movimento das facções rumo à política e administração pública marca uma evolução de gangues prisionais para organizações mafiosas que ameaçam a ordem e a segurança pública. A infiltração em áreas como transporte, saúde e gestão ambiental, acompanhada de violência e corrupção, destaca a importância crítica das eleições municipais de 2024 para o avanço ou contenção dessa influência criminosa.

Por portal Novo Norte