“Eu tomo um remédio para controlar a pressão.
Cada dia que vou comprar o dito cujo, o preço aumenta.
Controlar a pressão é mole. Quero ver é controlar o ‘preção.’
Tô sofrendo de ‘preção’ alto.
O médico mandou cortar o sal. Comecei cortando o médico, já que a consulta era salgada demais.
Para piorar, acho que tô ficando meio esquizofrênico.
Sério!
Não sei mais o que é real.
Principalmente, quando abro a carteira ou pego extrato no banco.
Não tem mais um Real.
Sem falar na minha esclerose precoce. Comecei a esquecer as coisas:
Sabe aquele carro? Esquece!
Aquela viagem? Esquece!
Tudo o que o presidente prometeu? Esquece!
Podem dizer que sou hipocondríaco, mas acho que tô igual ao meu time:

  • nas últimas.
    Bem, e o que dizer do carioca? Já nem liga mais pra bala perdida…
    Entra por um ouvido e sai pelo outro.
    Faz diferença…
    ‘A diferença entre o Brasil e a República Checa é que a República Checa tem o governo em Praga e o Brasil tem essa praga no governo’
    ‘Não tem nada pior do que ser hipocondríaco num país que não tem remédio’.”

(LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO)