Por Roberta Pennafort
O esquema de corrupção investigado na Operação Furna da Onça, e que envolve pelo menos dez dos 70 deputados da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), movimentou R$ 54,5 milhões em pagamentos de propinas durante o segundo mandato do ex-governador Sergio Cabral (MDB), entre 2011 e 2014, informaram a Procuradoria da República e a Polícia Federal nesta quinta-feira, 9.
Foram detectados loteamentos de cargos principalmente do Detran do Rio – o deputado Paulo Melo (MDB) tinha tanto domínio no órgão que era considerado “o rei do Detran”.
Os “mensalinhos” ficavam entre R$ 20 mil e R$ 900 mil – o maior valor foi detectado no caso de Paulo Melo. Os investigadores acreditam que este era tão alto porque ele redistribuiria pagamentos para outros deputados.
A distribuição de cargos entre pessoas indicadas pelos parlamentares demonstrou, segundo o procurador da República Carlos Aguiar, que “esses personagens lotearam o Estado do Rio, transformaram o Estado em fatias de bolo para viabilizar seus interesses políticos. “Não por acaso temos corrupção em diversas agências do Detran. A Alerj se transformou numa propinolândia”, disse Aguiar, ao explicar os mecanismos do esquema.
As investigações apontaram também que o deputado Chiquinho da Mangueira (PSC) usou dinheiro de corrupção para custear carnaval da sua escola de samba, num total de R$ 3 milhões em 2014 – ele é presidente da Mangueira.
O procurador Carlos Aguiar explicou que dessa vez as prisões de deputados não serão submetidas ao plenário da Alerj – no ano passado, quando foram presos Melo, Jorge Picciani (MDB) e Edson Albertassi (MDB), as prisões foram revertidas por votação da Casa. Posteriormente eles foram detidos novamente.
Dos 22 mandados expedidos nesta quinta, só dois não foram cumpridos, contra o ex-presidente do Detran Vinicius Farah, deputado federal recém-eleito pelo MDB, e o atual presidente, Leonardo Jacob – eles são considerados foragidos, segundo a PF.