A sede da Auramedi, localizada em Aparecida de Goiânia, aparenta estar pouco ativa, e a empresa não possui sequer um site na internet.

Empresa com apenas um funcionário registrado até março e capital social de R$ 1,3 milhão garantiu um contrato de R$ 285,8 milhões, sem licitação, com o Ministério da Saúde. O acordo, firmado em abril, prevê o fornecimento de 293,5 mil frascos de imunoglobulina humana, um medicamento hemoderivado usado para fortalecer a imunidade de pacientes com várias doenças. A empresa goiana Auramedi, pouco conhecida no mercado farmacêutico, representa a chinesa Nanjing Pharmacare no Brasil, que por sua vez tem conexões com uma empresa associada a um empresário já preso na Operação Vampiro.

A sede da Auramedi, localizada em Aparecida de Goiânia, aparenta estar pouco ativa, e a empresa não possui sequer um site na internet. Além disso, a empresa e seu único sócio, Fábio Granieri de Oliveira, enfrentam acusações de improbidade administrativa em um caso no Tribunal de Justiça do Pará, relacionado a um contrato semelhante firmado durante a pandemia da Covid-19 em Parauapebas.

A mudança no quadro societário da Auramedi ocorreu em maio de 2020, quando Fábio Granieri se tornou o único sócio e o capital social da empresa saltou de R$ 50 mil para R$ 1,3 milhão. Dados do Portal da Transparência revelam que a Auramedi começou a participar de pregões de órgãos federais no ano passado, com contratos de pequeno valor. No entanto, o contrato com o Ministério da Saúde é o maior até o momento, no valor de R$ 16,5 milhões.

A dispensa de licitação para o contrato com o Ministério da Saúde levanta questões, especialmente considerando o volume de medicamentos envolvido. A compra foi equivalente ao consumo de seis meses e envolveu apenas duas empresas: a Auramedi, representando a chinesa Nanjing Pharmacare, e a Farma Medical, representando a Prime Phama LLC dos Emirados Árabes. A entrega dos medicamentos pela Auramedi teve atrasos de até 35 dias, enquanto a Farma Medical ainda não entregou nada, de acordo com o ministério.

A decisão de comprar medicamentos sem licitação ocorreu após uma série de disputas públicas fracassadas e problemas no abastecimento de imunoglobulina durante a pandemia da Covid-19. Embora farmacêuticas com registro na Anvisa tenham argumentado contra a dispensa de licitação, a compra foi mantida com empresas sem registro, conforme determinado pelo TCU.

O Ministério da Saúde justificou a compra emergencial como uma medida para evitar o desabastecimento de imunoglobulina e afirmou que as empresas contratadas estavam regulares no momento da contratação. Com informações de Metrópoles.