Como parte das comemorações, ONG destaca construção de viaduto vegetado que vai auxiliar na preservação do animal ameaçado de extinção
A Associação Mico-Leão-Dourado vai inaugurar sua nova sede, em Silva Jardim, nesta sexta-feira (2), data que é também o dia comemorativo da espécie, adotado oficialmente pela Secretaria Nacional da Biodiversidade, do Ministério do Meio Ambiente. Para celebrar esta e outras conquistas, a AMLD e seus parceiros vão oferecer uma extensa programação, que inclui palestras, caminhadas e outras atividades, também no sábado, dia 3. A programação pode ser encontrada nas redes sociais da “Associação Mico-Leão-Dourado”.
A área onde passa a funcionar a nova sede da Associação foi adquirida com recursos de duas ongs internacionais, a holandesa DOB Ecology e a norte-americana Saving Nature. A propriedade tem 237 hectares e, a partir de janeiro de 2020, se tornará o Parque do Mico-Leão-Dourado, aberto ao público para observar o mico na natureza.
No país que lidera o desmatamento de florestas tropicais, o trabalho da Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD) busca minimizar as recentes estatísticas tão negativas para o Brasil. Na nova sede estão sendo plantados mais de um milhão de metros quadrados de mudas nativas da Mata Atlântica, como parte de uma grande conexão florestal que será feita com a Reserva Biológica de Poço das Antas. Além do plantio, outra parte essencial desta mesma conexão é a construção, em frente à propriedade da Associação, de um viaduto vegetado para a passagem de fauna, na BR-101. O viaduto, já em obras, é uma condicionante do licenciamento ambiental da duplicação da rodovia e está sendo construído pela concessionária que administra a rodovia BR-101.
Esse é mais um avanço importante do trabalho de 27 anos que a AMLD desenvolve na área de ocorrência do mico-leão-dourado, que abrange oito municípios, sendo Silva Jardim, Casimiro de Abreu e Rio Bonito os que têm a maior presença do animal.
Ainda sobre o viaduto vegetado, o secretário executivo da Associação Mico-Leão-Dourado, Luís Paulo Ferraz, explica que, pelo fato de o mico-leão-dourado ser territorialista, é importante romper com o chamado “efeito barreira”, que se intensificou com a duplicação da Rodovia BR-101, provocando o isolamento das populações de micos. “Então, tão importante quanto evitar atropelamentos, é permitir que os animais possam formar novas famílias de grupos diferentes, evitando, assim, a deterioração genética”, declarou o geógrafo.
O trabalho desenvolvido pela AMLD, além de resgatar o mico-leão-dourado do risco de extinção, tem como principais objetivos a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e a busca pelo desenvolvimento sustentável para as comunidades locais. Estimativas de pesquisadores calculam que na década de 1970 existiam apenas cerca de 200 micos na natureza. Com o trabalho da Associação e seus parceiros, o último censo revelou que, atualmente, são mais de 3 mil vivendo nos fragmentos remanescentes de Mata Atlântica do Rio de Janeiro, único lugar no mundo de ocorrência do mico-leão-dourado.