Desde que o Ecoponto foi desativado, em 2013, pescadores seguem sem solução para destino de resíduos
Inaugurado no início de 2012, o Ecoponto de coleta de óleo de embarcações, que funcionava na Nova Brasília, foi criado com o objetivo de evitar que esse tipo de resíduo tivesse como destino final o meio ambiente. No entanto, em 2013, com pouco tempo de funcionamento, ele foi desativado.
A situação deixou os pescadores indignados. Na época, eles contaram que a medida tinha sido tomada por conta de atrasos no pagamento do aluguel, já que o Ecoponto funcionava dentro de uma propriedade privada, conhecida como Porto do Barbudo, local de fácil acesso para as embarcações.
Na ocasião, a prefeitura não chegou a comentar as denúncias e apenas explicou que este Ecoponto tinha sido fechado uma vez que a estrutura era limitada e funcionava com o apoio de um voluntário, situação que os próprios pescadores negaram.
Em agosto de 2013 ela também chegou a ressaltar que uma nova estrutura estaria sendo analisada pela secretaria de Ambiente para entrar em funcionamento ainda no segundo semestre daquele ano. Segundo a prefeitura, o novo espaço teria capacidade para tratar a captação do óleo de maneira mais ampla.
O problema é que cinco anos depois, os pescadores continuam sem saber o que fazer em relação ao destino desse resíduo, que pode causar impactos ambientais, caso seja descartado de maneira errada.
Enquanto fica essa incerteza, os pescadores estão sendo obrigados a apelar para a pior forma: que é descartar o óleo dentro do rio.
O método usado atualmente é muito precário. Ele quase que não dá margem para o pescador tirar o óleo sem o risco de poluição. Eles tiram com saco plástico que é algo muito vulnerável. Há o risco de derramamento e poluição do recurso hídrico e do solo. Um litro de óleo é capaz de contaminar um milhão de litros de água.
Essa semana, a nossa equipe de reportagem encontrou várias garrafas PET com óleo dentro, boiando no Rio Macaé, próximo ao Mercado de Peixes. “O descaso com o meio ambiente já se tornou, infelizmente, uma realidade no nosso município. Tanto o poder público, quanto a própria população, não tem essa preocupação, principalmente quando se trata dos nossos recursos hídricos”, diz Maria Júlia, estudante universitária e moradora do Centro.
Material era retirado sem riscos ao meio ambiente
Quando estava ativado, o procedimento era feito através de uma máquina a vácuo que coletava o óleo direto do motor, não havendo o contato com ele. Em seguida, ele era retirado por empresas autorizadas em fazer o recolhimento desses óleos lubrificantes usados e levados para as refinarias onde são reprocessados.
A máquina a vácuo foi comprada através do Fundo Ambiental, da secretaria de Ambiente. Esse Ecoponto atende a Resolução 362/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que diz que “todo óleo lubrificante usado ou contaminado deverá ser recolhido, coletado e ter destinação final, de modo que não afete negativamente o meio ambiente e propicie a máxima recuperação dos constituintes nele contido”.