Desabastecimento

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Consumidor deve se atentar aos atendimentos reduzidos nos postos de combustíveis - Arquivo

É antiga a discussão sobre o preço do combustível em Macaé. Com a relação direta entre a cidade e as operações do petróleo na Bacia de Campos, nada mais justo seria que a sociedade local pagasse mais barato pelo produto que se faz, de forma profunda, presente no cotidiano do município que é referência nas atividades offshore do país. Mas, a situação não é bem assim.

Distante das refinarias que transformam o oléo bruto, extraído das reservas dos campos maduros, nos produtos que alimentam a dependência da economia mundial, Macaé mantém em alta os preços praticados nas bombas das mais de duas dezenas de postos, um negócio lucrativo que envolve um sistema fechado de acordo e de receitas.

Com o petróleo ainda sendo a principal matriz energética global, o cotidiano da cidade é alimentado pela gasolina, o principal derivado do petróleo que abastece, não apenas a frota de quase 60 mil veículos domésticos em operação na cidade, assim como grande parte de uma infinidade de veículos que chegam e deixam a cidade, em virtude da migração causada pelas bases das principais empresas de petróleo do mundo, sediadas em Macaé.

Mas o que leva o combustível valer, nas bombas, quase o dobro que o preço praticado nas refinarias? A resposta é bastante simples.

Com o boom do petróleo registrado nos últimos 20 anos, a demanda pelo produto se manteve acima do volume da oferta, impulsionando o consumo e tornando a gasolina artigo essencial na rotina de uma população com elevado poder aquisitivo, capaz de possuir uma média de um veículo por família, independente da classe social.

Além disso, o chamado “Custo Macaé”, que sempre manteve qualquer produto ou serviço praticado na cidade acima do valor cobrado em qualquer outro município da região, também ajudou a transformar a gasolina em um artigo de luxo, nos tempos atuais.

Mesmo com a recessão econômica, a redução de quase 32 mil postos de trabalho, e com a queda na movimentação das atividades offshore, esse custo ainda é mantido. Mas o poder de compra da sociedade não é o mesmo.

E o que fica hoje é o impacto dentro de uma sociedade assoberbada por decisões políticas incoerentes com os desejos do povo, fielmente configurados pelo movimento dos caminhoneiros brasileiros, que dão uma demonstração clara do que é ser cidadão, e enfrentar o sistema.