Foto: Divugação

A identidade de qualquer lugar no mundo, sempre preservada pelos prédios e monumentos antigos que fazem parte da história e cultura, vai morrendo em Macae, a medida em que qualquer prédio antigo, mesmo que não seja reconhecido pelo Instituto Nacional de Patrimônio Histórico, vai deixando de existir, talvez, ainda, pela especulação imobiliária.

Foi assim com o Palácio dos Urubus, prédio situado na rua Dr Telio Barreto que, mesmo tombado pela INEPAC, depois que em 1978 a prefeitura decretou sua condição de utilidade pública para fins de desapropriação e recuperação e, até hoje, a municipalidade não pagou o valor para os herdeiros que assistem no dia a dia o tombamento literal pelo tempo, considerando que os proprietários não podem vender ou fazer obras mesmo de manutenção.

O ex-prefeito Sylvio Lopes chegou a fazer o projeto de recuperação quando o professor e historiador Ricardo Meirelles que ocupou o cargo de Secretário Municipal de Cultura manteve no Solar dos Mellos a maquete do prédio como deveria ficar se a obra fosse realizada.

O Solar dos Mellos, que também foi preservado e se tornado o museu de Macaé pelo ex-prefeito Sylvio Lopes onde se encontra grande parte do acervo histórico do município, vem sofrendo com a ação do tempo sem merecer os cuidados da administração pública e ficando danificado, podendo dentro de algum tempo, ser outro prédio histórico a ficar esquecido pelo poder público.

O Palácio dos Urubus, retratado por Roberto Pazzi, em 1991.

O Cine Teatro Taboada, situado no coração da cidade e palco de grandes e memoráveis espetáculos, o Bar e Café Belas Artes e o Hotel Palace, situados defronte ao prédio da antiga prefeitura que passou a ser o Museu do Legislativo, deixaram de existir.

Desde a década de 70, quando a Petrobras começou a sediar em Macae suas unidades de exploração e produção de petróleo, a cidade vem passando por uma enorme e avassaladora especulação imobiliária, e não só a classe política como os órgãos responsáveis pela cultura, vem desdenhando de preservar os pontos culturais e imóveis que identificam a memória antiga da cidade. E também não cuidam de criar qualquer monumento que possam no futuro distinguir as mudanças pelo tempo.

A casa onde morou Daimon, que ocupava o cargo de eletricista na prefeitura e cuidava da iluminação pública, situada na rua Telio Barreto e de valor histórico importante, está se perdendo no tempo e será, não demora muito, mais um imóvel a desaparecer, assim como aconteceu com a casa onde residiu o professor e historiador Antônio Álvarez Parada, situada na rua Marechal Deodoro 145, que no governo de Dr Aluízio não foi preservada e onde deveria existir um museu com seu nome é o enorme acervo que os macaenses desconhecem o destino desde que a esposa Detinha faleceu.

São muitos os casos que deveriam merecer um longo estudo não só de políticos, como de pessoas envolvidas com a cultura, criar uma comissão para fazer um levantamento dos prédios que possam ajudar a manter a identidade de Macae.

A prefeitura, por sua vez, emitiu nota explicando porque não tomou nenhuma providência para evitar a demolição do imóvel situado na Avenida Rui Barbosa 570.

Nota sobre imóvel

O imóvel situado à Avenida Rui Barbosa, 570, Centro, trata-se de uma propriedade privada, para o qual não houve tombamento por parte do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC), que depois de mais 20 anos concluiu que o mesmo não havia mais condições para o seu tombamento, a decisão do INEPAC foi baseada considerando as diversas alterações, descaracterizações e perdas sofridas pelo imóvel ao longo dos tempos, o que desconfigurou suas características originais, de forma a não ser possível recuperação que o reconstitua como patrimônio cultural.Após o parecer do INEPAC e Decisão Judicial apoiada no referido Laudo, o proprietário entrou com o processo administrativo junto ao município para a demolição, reunindo os documentos necessários para o seu pleito. Não restando elementos para o indeferimento do seu pedido via administrativa, considerando decisão transitada em julgado, proferida pela Comarca de Macaé e ratificada em recurso de apelação.