Entre elas, está o estudo em andamento que busca descobrir a cura para o Parkinson a partir de uma substância extraída de organismos marinhos
O contingenciamento do orçamento das instituições federais de ensino superior, anunciado recentemente pelo Ministério da Educação, pode prejudicar pesquisas importantes no Instituto Nupem/UFRJ. Um deles é o estudo que busca descobrir a cura para o Parkinson a partir de uma substância extraída das ascídias, organismos marinhos, desenvolvido pela diretora adjunta de pesquisa do Instituto NUPEM/UFRJ, Profª Drª Cíntia Monteiro de Barros e um grupo de alunos, em colaboração com o Prof. Dr. Mauro Pavão (IBqM/UFRJ) e a Profª Drª Silvana Allodi (IBCCF/UFRJ).
De acordo com Barros, o Parkinson é uma doença neurodegenerativa que não tem cura. Desde 1960, se utiliza o mesmo medicamento para o seu tratamento. Segundo a Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 1% da população mundial acima dos 60 anos tem a doença e a estimativa é de que até 2050 tenhamos um aumento exponencial.
“Como o Parkinson é uma doença que leva os neurônios à morte – e nós humanos perdemos a nossa capacidade neurorregenerativa, além de termos pequenas regiões de produção de novos neurônios – fomos estudar animais que conseguem regenerar seu sistema nervoso para compreender esse processo e elencar moléculas envolvidas que poderiam ter um potencial terapêutico. As ascídias foram escolhidas, pois, após a retirada completa do seu sistema nervoso central, elas conseguem se manter vivas e regenerá-lo em um mês. Analisamos as moléculas que propiciavam esse processo e, agora, estamos testando em modelo in vitro de Parkinson, utilizando a linhagem celular humana de neurônios dopaminérgicos. Os efeitos dessa molécula são muito promissores, uma vez que ela diminui o estresse oxidativo e consequentemente a morte dos neurônios, tendo um considerável efeito neuroprotetor”, explica a pesquisadora.
A diretora adjunta de pesquisa do Instituto relatou as limitações enfrentadas com o corte do orçamento da UFRJ. “O microscópio eletrônico é um equipamento essencial para este projeto e não está funcionando. E nós não temos verba para consertar. O que fazemos é ir a Fiocruz, na cidade do Rio de Janeiro, onde há um equipamento similar. Mas isso demanda um gasto muito grande com o qual não podemos arcar. Há ainda, além da dificuldade de ir para a Fiocruz, a dificuldade de coletar os animais na região”, ressalta.
Taiane Medeiros, mestranda do Programa Multicêntrico de Pós-graduação em Ciências Fisiológicas (PMPGCF), explicou o projeto. “Nós estamos trabalhando extraindo uma substância deste animal [ascídia] e esta substância pode vir a se tornar um potencial fármaco para o Parkinson. Atualmente, todos os medicamentos utilizados contra a doença são sintomáticos, ou seja, tratam só dos sintomas que o Parkinson causa. Nós estamos tentando descobrir se esta substância que a gente extrai tem o potencial para atuar diretamente na causa do Parkinson no sistema nervoso”, conta.
Segundo o Governo Federal, foi realizado nos últimos dias um bloqueio preventivo de 3,4% do orçamento total das universidades federais. Esse valor é aplicado em cima das verbas para despesas discricionárias (cerca de 15% do orçamento das universidades – R$ 6,9 Bilhões), ou seja, as que não são obrigatórias. Entre elas, estão: pagamento de contas de luz, telefone e água, alem de terceirizados e investimentos (pesquisas).