Em sua carta-renúncia, José Luciano Duarte Penido expressou descrença na honestidade dos propósitos de acionistas relevantes e declarou sua posição de conselheiro como “ineficaz, desagradável e frustrante”

José Luciano Duarte Penido, conselheiro independente da Vale desde 2019, renunciou ao seu cargo alegando que o processo de sucessão da empresa está sendo manipulado e não atende aos melhores interesses da companhia, sofrendo influência política. Em sua carta-renúncia, Penido expressou descrença na honestidade dos propósitos de acionistas relevantes e declarou sua posição de conselheiro como “ineficaz, desagradável e frustrante”. A Vale, ao ser procurada para comentar sobre a carta, optou por não se manifestar, atitude interpretada por Penido como subserviência ao governo.

A renúncia ocorre em um contexto de tentativas do governo de influenciar a direção da Vale, particularmente através da indicação do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, para o cargo de CEO, substituindo Eduardo Bartolomeu. Este movimento do Planalto fez com que o conselho da Vale decidisse prolongar o mandato de Bartolomeu até dezembro, com o objetivo de encontrar uma solução que conciliasse os interesses de acionistas e governo, incluindo a contratação de uma empresa para selecionar candidatos ao posto de CEO.

Penido foi um dos dois conselheiros que se opuseram a essa prorrogação, apontando para sua experiência no setor de commodities, incluindo posições de liderança na Samarco e na Fibria. Sua saída destaca a tensão entre a mineradora e o governo, que, apesar de não ter mais um assento direto na Vale, exerce influência por meio da Previ, maior acionista individual da companhia.

A situação reflete a continuidade dos esforços do governo Lula em utilizar o Estado Brasileiro para aparelhar empresas privadas, um cenário que levou a uma queda no valor das ações da Vale quando da tentativa de nomeação de Mantega, provocando posterior recuo de Lula nessa indicação.

Por portal Novo Norte