Diante do crescimento de suicídios a cada ano no país, foi implantado pela Associação Brasileira de Psiquiatria ABP no ano de 2014 a Campanha Setembro Amarelo que deu início dia 10 em todo país. Com objetivo em conscientizar o maior número de pessoas sobre a importância em falar abertamente sobre o assunto e sobre a importância em implantar projetos no campo das políticas públicas como método de prevenção.
Pesquisas apontam que o Brasil é o oitavo país em número de suicídios, sendo o maior número entre homens, jovens e adolescentes. Na atualidade, o fenômeno do suicídio vem ganhando proporções alarmantes, com taxas que ultrapassam um milhão de mortes por ano no mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Apesar disso, o suicídio ainda figura como um enigma sem resposta, sobre o qual nos debruçamos, pesquisamos, estudamos, na tentativa de compreendê-lo.
Diante da complexidade desse fenômeno, resta-nos a questão: afinal, por que as pessoas se matam? Por que, diante de situações “semelhantes”, algumas pessoas se precipitam num ato suicida e outras não? Estudos mostram que mais da metade das mortes violentas no mundo são em decorrência do suicídio, com números que apontam em torno de três mil mortes por dia no mundo. Tendo em vista a subnotificação desse evento, esses números devem atingir índices ainda maiores. No que se refere à tentativa, estima-se que, para cada suicídio consumado, ocorram entre 10 e 25 tentativas, ou seja, 10 a 25 milhões de tentativas de suicídio por ano no mundo. E, se consideramos que metade das pessoas que se suicidam, realizaram uma tentativa anterior, isso faz da tentativa de suicídio um importante fator de risco do suicídio. Por essa razão, o tratamento de pessoas que tentaram contra a própria vida se torna uma ação essencial na prevenção do suicídio.
As reações que se têm ao risco de suicídio ou ao suicídio provocam emoções muito poderosas: o medo, a culpa, a raiva, a tristeza, a ansiedade, a vergonha, a saudade. Mas os sobreviventes não ficam apenas afetados por emoções como essas; também sofrem de outras decorrências dessas emoções intensas, como a negação, depressão, isolamento, não aceitação daquela ausência, problemas de ajustamento, dificuldades de estabelecer novas relações, sensação de desamparo, queda de produtividade, desenvolvimento de transtornos mentais, aumento do uso de drogas ou álcool e desinvestimento em sua própria vida. Falar em suicídio ainda é algo que inibe as pessoas pelo fato de não estarem preparadas ou não saberem lidar com isso.
Independente do seu estado psíquico vale ressaltar que, em algum dado momento ocorre um desejo em tirar a própria vida, quando algo de muito sério ou insuportável acontece, devido a isso se faz necessário buscar ajuda ou falar sobre o que está vivenciando para que evite o surgimento de ideias ou pensamentos suicidas, tendência aumentada a um desenvolvimento de transtorno mental e até mesmo o ato de tirar a vida.
Existem postos de apoio governamental (SUS) e postos municipais ( como Centro de Atenção Psicossocial) que podem ajudar. Faculdades que tem graduação em psicologia também disponibilizam de serviços gratuitos para atender quem está precisando de ajuda. Existe um centro especializado para atender via telefone, no número 188.
A família tem papel muito importante, pois pode ficar atenta a qualquer sinal de isolamento, comportamentos que podem sinalizar uma possível tentativa de suicídio. Isso não é frescura, não é preguiça, diante de qualquer mudança de comportamento, acolha, escute e busque ajuda.
Nos atendimentos clínicos estamos sempre ouvindo relatos de pessoas que já tiveram ideias de tirar sua própria vida ou que já tentaram tirar, isso está sendo mais comum do que se imagina. Por isso a importância em buscar ajuda. Sem medo em falar abertamente sobre suicídio, você pode salvar vidas.
* Rosangela de Oliveira – Psicóloga – CRP: 05/38575
Serviço de psicologia clinica na Abordagem em Terapia Cognitivo Comportamental, com experiência de 5 anos em clínica com adolescentes, adultos, e psicoterapias de grupo.