Pesquisa realizada pela Universidade de Oxford e pelo Wexham Park Hospital, no Reino Unido, relaciona calor excessivo ligado às mudanças climáticas com a incidência de câncer não-melanoma. O trabalho foi feito com ratos e, por isso, precisa de novas evidências para confirmação em humanos.

As altas temperaturas podem provocar sintomas como cansaço, dores de cabeça e queda da pressão sanguínea. Há, ainda, riscos para a pele por conta da radiação solar extrema, segundo um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Oxford e do Wexham Park Hospital, ambos no Reino Unido. Os autores mostram que os casos de câncer não-melanoma crescem em 5% a cada grau Celsius a mais de temperatura. 

Os pesquisadores, que nesse caso fizeram uma revisão de diversos estudos relacionados ao tema, chegaram a essa conclusão após analisar experimentos feitos com animais que recebem radiação ultravioleta com variações de fatores, como o tempo de incidência, o comprimento de onda e a dose de raios UV. Em seguida, as alterações provocadas nas células da pele dos ratos por cada combinação de fatores são analisadas e, dessa forma, é possível fazer cálculos para colocar o risco de desenvolvimento da doença na forma de números.

O câncer de pele não-melanona ocorre, principalmente, nas áreas do corpo mais expostas ao sol e é caracterizado por feridas que não cicatrizam. O trabalho europeu foi feito com ratos e, por isso, ainda são necessárias evidências para confirmar se esses valores estão totalmente corretos, especialmente nos humanos. No entanto, os especialistas ouvidos pela Agência Einstein dizem que não restam dúvidas de que precisamos ficar cada vez mais atentos à proteção da pele. 

“A radiação solar é composta por diferentes tipos de ondas: a infravermelha, que é a responsável pela sensação de calor e que acaba sendo maior no verão. Já a radiação ultravioleta (UVA e UVB), relacionada com efeitos danosos no tecido, como queimaduras, câncer de pele [melanoma e não-melanoma], envelhecimento precoce e manchas, acompanha essa elevação de temperatura”, explica Andrey Augusto Malvestiti, dermatologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

O câncer de pele não-melanoma é o mais frequente e responsável por 30% de todos os casos de tumores malignos registrados, segundo dados do Ministério da Saúde. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) é que para cada ano do triênio (2023 a 2025) surjam 220.490 novos casos, o que corresponde a um risco estimado de 101,95 por 100 mil habitantes. Se for detectado e tratado cedo, esse tipo de câncer tem alta chance de cura.

O farmacêutico Maurizio Pupo, que é pesquisador e professor especialista em cosmetologia, ressalta que a radiação UV é mais nociva em relação à formação de tumores em temperaturas mais altas. “O chamado efeito estufa, que consiste entre outros fenômenos na formação de espessas camadas de metano e outros gases na atmosfera do planeta, dificulta o retorno de todos esses tipos de radiação ao espaço, provocando uma concentração maior na superfície da Terra, o que intensifica as consequências desastrosas que o sol provoca na nossa pele, como câncer de pele, fotoenvelhecimento, manchas, entre outros.”

Filtro solar deve ser usado diariamente

Os cuidados com a pele devem ser diários com o uso de filtro solar de boa qualidade e com fator de proteção (FPS) acima de 30. “Quanto mais alto for esse valor, mais tempo a cútis fica protegida. O ideal é sempre investir nos que têm valores superiores”, diz o dermatologista do Einstein. “Em relação aos outros detalhes do produto, o recomendado é que cada um escolha aquele com o qual se sente mais confortável e procure particularidades mais indicados para o seu tipo de pele, como fórmulas para as oleosas e com ativos antioxidantes, por exemplo.”

O médico ressalta que todas as opções vendidas no mercado têm aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que mostra que são eficazes. Ele diz que, quanto mais a pessoa gostar das características do cosmético, como perfume e consistência, mais vai ter vontade de aplicá-lo e repassá-lo, o que deve acontecer a cada duas horas em média, sem nunca se esquecer de áreas como mãos, orelhas, pescoço, colo e nuca. Caso a pessoa entre na água, a orientação é reaplicar imediatamente o produto.

O dermatologista diz que outras medidas de proteção são o uso de roupas com proteção solar, viseira, chapéu ou boné e óculos. A aplicação de películas que barram os raios ultravioleta nos carros, janelas de casa e do escritório também é importante, assim como evitar ficar exposto ao sol entre às 10h e às 16h, horário de pico da radiação UVB.

As altas temperaturas também são responsáveis pela desidratação do tecido, aparecimento de manchas, envelhecimento precoce e piora de doenças dermatológicas, entre elas, a psoríase e eczema. Por isso, é muito importante tomar muita água, utilizar hidratantes e protetores solares diariamente, reaplicar o produto com frequência e fazer, pelo menos, uma consulta anual com o dermatologista.