A atriz, professora e escritora Eliz Brito reúne lembranças e conhecimentos, junta muito talento, e lança o livro ‘Curiango: Amanhã eu vou’, o seu primeiro romance. A obra acaba de ser publicada na Amazon e já concorre ao Prêmio Kindle de Literatura. O livro está à venda no site da Amazon por 9,90 e você pode lê-lo no computador, no celular, tablet ou Kindle.
Eliz conta que a ideia do livro nasceu de um bate-papo com uma amiga sobre procrastinação. Ela lembrou de ter dito a ela a seguinte frase: tenho paciência com gente curiango não. Ela riu e perguntou o que era curiango. Então eu expliquei que curiango era um passarinho que cantava assim: amanhã eu vou, amanhã eu vou…
“E a minha mãe, quando eu era criança, chamava a gente de curiango quando nos mandava ir lavar as vasilhas e a gente ficava “curiangando” (verbo que criei.rsrs). O canto do passarinho é traduzido para o “humanês” como: amanhã eu vou”, explica a escritora.
Aliado a essa vontade de contar uma história que falasse dos perigos da procrastinação estava também o seu desejo de escrever sobre a minha terra natal , que é Goiás, e Mato Grosso (de coração), os costumes goianos; como o jeito de falar e a comida, e, principalmente, sobre a paisagem do cerrado.
“Importante salientar que Curiango: Amanhã eu vou é uma história fictícia, mas na qual eu fiz questão de manter as referências geográficas, as paisagens e os costumes goianos e mato-grossenses o mais reais que minha memória deu conta de relatar. Quero, com este livro, levar a beleza do Centro-Oeste – o jeito interiorano de viver e de falar, o sabor da comida da minha terra –, para o mundo. Pode ser muita pretensão minha, mas quem sabe”, declarou Eliz
‘Curiango: Amanhã eu vou’
Eliz Brito revela que começou a escrever essa história em meados de 2016, mas a escrita seguia lenta, sufocada pelo corre corre do dia a dia. Em 2020 seu livro contava com apenas 100 páginas escritas, mas daí veio a pandemia, e ela fez desse período tão difícil o mais produtivo da sua vida. “Enfiei a cara na literatura. Li muito e escrevi muito. E agora, publico meu livro com 480 páginas. Estou muito feliz por não ter ‘curiangado’ neste projeto, e por não ter deixado que o “amanhã eu vou” ficasse só no nome”, frisa a escritora.
Trajetória da artista
“Tornar-me escritora foi uma novidade para mim. Não imaginava que fosse me apaixonar pela escrita de forma tão intensa. Meu objetivo, desde criança, era me tornar atriz, e por isso escolhi o curso de Letras por ser o que mais se aproximava do curso de Artes Cênicas , contou Eliz, esclarecendo que o Campus da UFMT de Pontal do Araguaia não oferecia a graduação em Artes Cênicas. Então, ela cursou Letras com os olhos voltados para o teatro, para a atuação e não para a escrita.
Ainda na graduação, teve a oportunidade de unir Letras ao teatro, quando trabalhou no seu TCC sobre o tema ‘O Teatro como Instrumento Didático’ e também quando participou do Nuarte, um grupo de teatro da nossa turma. A partir disso, nunca mais parou. Foi para Goiânia estudar teatro, depois para São Paulo fazer o curso de teatro da Escola de Atores Wolf Maia, depois morou um tempo em Cuiabá (MT), onde também participou de alguns trabalhos na arte. Mas foi em Curitiba (PR) que a sua relação com a escrita se estreitou. “Engraçado; fiz Letras para abreviar o caminho até o teatro, e mal eu sabia que o teatro me traria de volta para as letras”, diz.
Em 2008 foi convidada a adaptar obras literárias para o teatro, num projeto para vestibulandos. “Nesse projeto, eu tinha que ler as obras literárias que iam cair no vestibular da UFPR e contar a história do livro, bem como as características do autor, o contexto histórico e o movimento literário a que a obra pertencia. Um projeto maravilhoso que muito me ensinou e do qual eu faço parte há mais de dez anos. Praticamente todas as obras literárias que caíram no vestibular da UFPR foram adaptadas por mim, e montadas e apresentadas pelo grupo de teatro que me contratou”, ressaltou.
E prosseguiu: “É com muita gratidão que recordo desse começo, pois a partir daí eu nunca mais parei de escrever. Em 2013 ousei mais; escrevi uma peça de teatro chamada O Pulo, ganhadora de dois importantes editais em Macaé, minha cidade de coração, e um da Funarte, no Rio de Janeiro. Essa peça já foi vista por mais de mil pessoas, e eu pretendo transformá-la no meu próximo romance”, contou ela.
E concluiu: “O Curiango: Amanhã eu vou também era apenas um monólogo que eu criara na minha cabeça, mas a coisa foi crescendo e aí eu decidi que ele seria um livro e não uma peça.
Sinopse do Livro:
Amanhã eu vou, amanhã eu vou… era o canto procrastinador do curiango a guiar o sonho de Leila. Sonho? Ela já não sabe mais se foi sonho, lembrança ou invenção de sua memória. O que sabe é que, de repente, acorda em uma realidade em que se vê num espelho como uma mulher adulta, enquanto na sua mente ela é apenas uma menina de onze anos. Não são só as lembranças que se embaralham e se confundem, é a realidade e o tempo presente que parecem não fazer mais sentido.
E é a partir dos retalhos de recordações da sua infância que Leila inicia a busca pelo real motivo que provocou essa lacuna de vinte e dois anos na sua memória capenga, contando também com a ajuda das recordações cravadas na memória do seu corpo, como o aroma do seu shampoo, o gosto da comida goiana ou o cheiro das prantas de Dominique.
Da agitada São Paulo à interiorana Caiapônia, Leila descortina, com detalhes poéticos e simbólicos, as paisagens que propiciam uma reflexão sobre o poder dos espaços na construção das memórias. E, numa prosa rica do dizer do interior de Goiás, ela conduz o leitor por um discurso que é em vários momentos leve e engraçado, em outros denso e pegajoso, e ainda, por vezes, pesado e sufocante.
E, assim, Leila também põe à prova a memória do próprio leitor de Curiango: Amanhã eu vou, convidando-o a conhecer sua história e os rincões do Centro-Oeste, sem adiar para amanhã, sem curiangar na vida.
Eliz Brito
Elizângela Pereira Brito Belther é atriz, professora, revisora e escritora, nascida em Caiapônia-Go, mas viveu boa parte de sua juventude em Barra do Garças – MT. Atualmente mora no Rio de Janeiro. É dramaturga no projeto VestibaEncena de Curitiba-PR há mais de dez anos. Participa como oficineira e jurada no projeto Fetran – Festival de Teatro e Educação para o Trânsito da Polícia Federal Rodoviária, nos estados do MT e MS.