Por Gabriel Bueno da Costa
A Argentina tem um dia de greve geral de trabalhadores contra as políticas conduzidas pelo governo do presidente Mauricio Macri. Ao mesmo tempo, a administração oficial tenta renegociar nos Estados Unidos os termos do pacote de ajuda recebido do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A Central Geral dos Trabalhadores e outras entidades sindicais realizam nesta terça-feira a quarta greve geral enfrentada pelo governo Macri, que deve afetar praticamente todos os serviços públicos, o transporte público, os bancos, as escolas e aeroportos, inclusive voos internacionais, segundo a agência estatal Télam. A Câmara Argentina de Comércio e Serviços criticou a manifestação, qualificando-a como “inoportuna”, implicando “enormes perdas para a economia nacional, já golpeada pela retração da demanda, o aumento de custos de financiamento e a aceleração inflacionária”.
Já líderes sindicais têm defendido a necessidade de se protestar neste momento. Chefe da CTA Autônoma, Pablo Micheli convocou os trabalhadores a fazer “todas as paralisações necessárias para que se vá este governo”. Micheli e as lideranças grevistas têm criticado o acordo com o FMI e políticas oficiais como o corte de subsídios e a demissão de funcionários públicos, no âmbito do ajuste das contas públicas que Macri tenta fazer. A CGT busca um acordo para interromper as demissões, em um quadro de desemprego e aumento na pobreza no país.
A Argentina sofreu um estresse em seus mercados financeiros neste ano, sobretudo no cambial, com investidores temerosos sobre a trajetória das contas do país e a capacidade de honrar sua dívida. Nesse contexto, Macri fechou um acordo com o FMI, de US$ 50 bilhões, mas houve novos estresses no câmbio e agora o governo de Buenos Aires tenta renegociar os termos, para garantir mais segurança a fim de enfrentar a crise. Algumas autoridades do governo estão nos EUA, para a Assembleia Geral da ONU, e aproveitam para tratar do assunto com o Fundo.
Ministro da Produção e do Trabalho, Dante Sica qualificou a greve como “inoportuna” e disse que é preciso um esforço coletivo para superar a crise, segundo a Télam. Ao mesmo tempo, Macri jantou na noite de ontem na mesma mesa que a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, em Nova York. Macri deve falar na tarde de hoje na Assembleia Geral da ONU.
O ministro da Fazenda argentino, Nicolás Dujovne, afirmou ontem estar convencido de que será obtido “o melhor acordo possível” com o FMI. Segundo ele, a revisão ainda não está concluída. Sica, por sua vez, afirmou que “estão sendo dados os últimos ajustes” no acordo. O ministro da Produção e do Trabalho disse que o anúncio dele está “próximo” e ajudará, junto com a apresentação do próximo orçamento, a acabar com incertezas sobre as políticas fiscal, monetária e cambial do país.