Ao todo, cinco pessoas baleadas, duas mortes e cinco ônibus incendiados na última terça-feira, na Capital Nacional do Petróleo - Foto Sylvio Savino
Aos poucos a tranquilidade voltou a se instalar, na manhã de quarta-feira (10), em Macaé, após um dia de muita violência. O terror que se instalou desde a noite da última segunda-feira (8), já resultou na morte de um suposto traficante identificado como Luiz Felipe Manhães Rocha, de 20 anos, conhecido como ‘canelão’, que pertencia a comunidade do Novo Horizonte e estava trocando tiros com a Polícia Militar, na noite de terça-feira (9), na restinga de Jurubatiba. A outra vítima foi o cabo da Polícia Militar, José Renê, de 35 anos, morto durante o confronto no Lagomar.
Segundo autoridades, ao todo, cinco pessoas baleadas deram entrada no Hospital Público de Macaé (HPM), sendo que dois já receberam alta e foram encaminhados por policiais militares para a 123ª Delegacia Legal da cidade. Outras duas pessoas ainda estão internadas e uma em estado grave, que passou por uma cirurgia na cabeça, após ser baleado na Favela da Linha, no Cajueiros.
Além de confronto entre traficantes e Polícia Militar, cinco ônibus foram incendiados, sendo dois na Barra de Macaé, um no bairro Aroeira, um na Malvinas e na Linha Vermelha. Ao entardecer, o Terminal Central ficou fechado e as linhas de ônibus foram suspensas.
Os comércios da área central e das comunidades que fecharam as portas na terça-feira, voltaram a funcionar normalmente na manhã de ontem (10), exceto as escolas  municipais que trabalham em período de férias para a realização de matrículas.
Segundo o comando do 32º Batalhão de Polícia Militar de Macaé, a cidade recebeu reforços dos batalhões de Campos dos Goytacazes, Itaperuna e Santo Antônio de Pádua, além de dois helicópteros que ainda sobrevoam o bairro Lagomar em busca de traficantes.
As brigas de facções criminosas que disputam território nessas comunidades, reacendeu o velho problema social de um município que cresceu desordenadamente. Há mais de uma década a cidade vive o terror com ônibus incendiados e com escolas e comércios fechando as portas, cenário semelhante ao vivido no Rio de Janeiro.
Nem mesmo as duas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP’s), instaladas em 2012, nas comunidades Nova Holanda, Malvinas e Lagomar, consideradas as mais perigosas do município, foram capazes de mudar este perfil.
Os moradores alegam que, com o enfraquecimento do tráfico naquela época, faltou uma ocupação social efetiva do poder público com programas que pudessem dar às comunidades mais autonomia. O cenário pouco mudou e, com a crise do petróleo dos últimos anos, o desemprego só aumentou, trazendo junto todas as mazelas.
Policial é sepultado – O corpo do cabo José Renê Araújo Barros, que era lotado no batalhão da PM de Macaé, foi velado na manhã de quarta-feira (10), na igreja Assembleia de Deus, no Centro de Itaperuna. O sepultamento aconteceu às 13h, no Cemitério Vale das Orquídeas, onde reuniu parentes, amigos e colegas de profissão.
O Disque Denúncia divulgou um cartaz oferecendo R$ 5 mil de recompensa para quem tiver informações que ajudem a esclarecer a morte do policial, que deixou mulher e três filhos.
Violência afeta transporte – A frota voltou a circular no início da manhã de quarta-feira, às 5 horas. Por orientação das autoridades de segurança pública, após cinco coletivos serem incendiados, sendo três destruídos totalmente e dois parciais, os ônibus foram recolhidos.
Como medida de segurança para os usuários do transporte público, os ônibus realizam paradas em locais diferentes dos de praxe. Moradores das Malvinas e do Botafogo devem embarcar em frente a Fábrica Lynce; do Lagomar, no Terminal Lagomar; e da Nova Holanda e da Fronteira, no Estádio Claudio Moacyr (Moacyrzão).