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Mãe critica a Prefeitura de Macaé pelo descaso com seu filho, que quase veio a falecer por conta da interdição da Nicola Albano

Após 20 dias de internação, o bebê Anthony vai poder finalmente ir para casa, em Macaé. Ele foi uma das crianças afetadas pela interdição da unidade da UTI Nicola Albano em Macaé. O menino nasceu no dia 17 de setembro, com asfixia grave, encefalopatia, frequência cardíaca baixa e fraco tônus muscular (sem conseguir chorar) e teve que esperar mais de oito horas para chegar à unidade 1 da UTI Neonatal Nicola Albano, em Campos. Anthony corre o risco de ficar com sequelas graves por conta da demora no socorro. Quando chegou a Campos, fora do prazo ideal para esse tipo de emergência, a equipe da UTI campista imediatamente iniciou as intervenções necessárias, para tentar minimizar os danos à saúde do bebê.

Sem condições financeiras para ir e voltar de Macaé todos os dias, a mãe da criança, Juliane Silva Fernandes, conta que recebeu todo o amparo do Grupo IMNE, responsável pela UTI.

“Eu fiquei abrigada por eles aqui, recebi todo apoio do Dr. Herbert, da Doutora Luciana, pessoas maravilhosas, que eu não vou ter palavras pra agradecer. Até minhas refeições eu fiz aqui no refeitório, junto com os funcionários, que me receberam super bem. Enquanto isso, a Prefeitura de Macaé, nem uma ligação, nada pra amparar minha família, depois de tudo que aconteceu, de toda a demora no socorro, eles não fizeram nada pra me apoiar”, contou a mãe do bebê, que chegou a acionar o Ministério Público devido à demora do socorro à criança.

Juliane ressalta que o atendimento na UTI de Campos foi de excelência. “Aqui meu filho recebeu todo o suporte. Só tenho a agradecer! Na verdade, tenho que agradecer a todos aqui, desde a recepção, nós Fomos muito bem atendidos e tenho certeza que a forma que o meu filho foi cuidado, vai fazer toda a diferença pra ele ”, ressaltou.

Juliane relembra como foram difíceis os dias em que o filho ficou internado. “Eu tenho um casal de filhos, uma menina de 11 anos e um menino de nove. Eles ficaram lá em Macaé. Meu marido também não pode ficar me acompanhando, porque ele teve que ficar trabalhando. Eu ficava aqui e também com a cabeça lá. Meus filhos ansiosos, querendo conhecer o irmão e eu longe deles. Nunca tinha ficado longe tanto tempo e com a preocupação com o Anthony aqui internado, sem saber como tudo terminaria.”, relata.

A médica neotalogista Luciana Faes, que junto com a equipe recebeu e deu todo o suporte ao Anthony, explica que ele vai necessitar de acompanhamento multidisciplinar, incluindo, neurologista, fisioterapeuta e outros profissionais, para que possa ter o melhor desenvolvimento possível.

Relembre o caso:
Juliane deu entrada no Hospital Público Municipal de Macaé (HPM), no dia 17, já em trabalho de parto, com a bolsa estourada. Ela foi obrigada a trocar de sala duas vezes e, por fim, esperar numa cadeira no corredor do hospital até que conseguisse uma equipe médica para fazer o parto. Anthony Guilherme Silva de Souza nasceu então com asfixia grave, encefalopatia, frequência cardíaca baixa e sem as reações normais para um recém-nascido. Ele foi encaminhado para a UTI do HPM, vindo a convulsionar e ter o quadro agravado, necessitando de atendimento em UTI Neonatal especializada para tratamento com hiportemia, onde a mais próxima está a 15 minutos do hospital, a UTI Neonatal Nicola Albano, que estava interditada pela Prefeitura de Macaé por questões burocráticas e sem critérios médicos, mesmo após decisão judicial ordenando a desinterdição.

A médica Luciana Faes, explica que foi feito todo o procedimento para receber o paciente em condições adequadas, mas que a unidade em Macaé não estava autorizada, mesmo após a decisão judicial ordenando a desinterdição. “Foi feito todo aporte para que o bebê fosse recebido lá em Macaé, dentro do tempo que toda literatura médica preconiza para hipotermia terapêutica, que é de seis horas. Ele teve que ser transportado para Campos, onde nós o recebemos e o colocamos na terapia, mas o benefício não vai ser o ideal, devido ao tempo perdido”, explica a médica.

Por Jornal Terceira Via