Estávamos na década de setenta e Macaé, como sempre, estava fervendo com a chegada dos turistas que por aqui vinham veranear e, especificamente nesse ano, havia pousado na orla da imbetiba uma espaçonave que atraiu todas as atenções. Todos queriam conhecer e dar uma voltinha, mas a espaçonave era o bar Redondo que, o arquiteto Cláudio Santos, quando projetou, imaginou um disco voador pousando para aproveitar o nosso carnaval que igual não tinha.
   Mas nem tudo era festa, ao terminar as férias, nós, macaenses, tínhamos que sair, após o científico, para fazer faculdade no Rio ou Niterói, pois, Macaé não tinha Universidade. Invadiamos a capital formando Repúblicas e fazendo a diferença.
    Certa vez, Cacau precisou pernoitar em uma dessas repúblicas. Toninho borracha que era conhecido pela sua veia cômica e fazia piada com tudo, conseguindo transformar situações mais banais em momentos hilários. Toninho sofria de um ombro que ocasionalmente se deslocava e, para não deslocar a noite, usava uma tipoia. Cacau foi dormir no mesmo quarto. Toninho decidiu brincar com a situação. Quando Carlos Eduardo viu toninho todo amarrado, não pode deixar de perguntar:
  • por que você dorme assim?
  • Eu sofro de sonambulismo agressivo.
  • Sonambulismo agressivo? Sério? Isso é perigoso! Não posso dormir nesse quarto.
    Cacau fez um escândalo épico, declarando que não dormiria no mesmo quarto que um sonâmbulo agressivo e que estava em perigo, era uma irresponsabilidade do pessoal da república. Toninho rindo muito, tentou acalmar cacau, mas estava irredutível.
  • Vou dormir na sala.
  • bobagem cacau, o máximo que eu faço é enforcamento.
    Toninho passou a noite inteira rindo e falou para cacau que tudo não passava de uma brincadeira.
    -Pelo amor de Deus! Não fale para ninguém essa história.
  • Pode deixar! Só vou falar para Farah e Lalau.
  • Se você fizer isso, eu te mato!

Por Guto Sardinha