Geração com mais de sessenta anos, revoluciona velhice e vive a gerontolescencia, um novo jeito de envelhecer com atividade. Que ainda não envelheceu de fato. Transformando a velhice em uma nova fase, com níveis de saúde e vitalidade maior e melhor formação do que as gerações que envelheceram antes. Estamos interessados em deixar pegadas, em nutrir, em ser mentor, ajudar, abrir caminhos e dar oportunidades e, isso tudo, com uma pílula azul que nos deu vaidade e vitalidade.

Nós também, fomos privilegiados na adolescência ao passarmos por uma revolução cultural que abriu portas para uma liberalidade maior com o movimento hippie que pregava a paz e o amor através da flor, do negro e da liberação da mulher. Uma tremenda contra cultura que, também, foi auxiliada através de outra pilulazinha, a anti concepcional. No Brasil lutamos contra a ditadura militar, talvez o que mais tenha caracterizado a juventude dos anos sessenta, tenha sido o desejo de se rebelar em busca de liberdade de expressão e liberdade sexual. Com a pílula, as mulheres se liberaram sexualmente, simbolizando a liberação com a queima de um sutiã em praça pública.

– Pelo o que você está falando, a sua geração foi o supra sumo das gerações!

– Sem falta modéstia? Acho que sim!

– Mas hoje é a geração que mais sofre com a coronavirus. É o maior grupo de risco.

– Que nada! Acho que a medicina não sabe a força que temos.

– Vocês se acham! É melhor ficarem em casa.

– Todos nós devemos nos submeter ao isolamento social, mas nossa geração já sobreviveu à poliomielite, varíola, malária, sarampo, Aids, deng, zica, e, estamos aí!

– Mas essa veio para destruir os velhinhos…

– Velhinhos é o cacete! Ainda somos muitos fortes e vamos enfrentar mais essa. Sobrevivemos à corrupção, então, essa, em relação, é so uma gripezinha…

– Aí você já está misturando doença com política.

– Pois é o que mais nos matam. De raiva!

Guto Sardinha