Só gostava de homens altos, fortes e bonitões. Não podia passar um com essas características que catucava as amigas ” vistes? Que garanhão!” Não se contentava só em olhar, comprou uma Polaroid para fotografar as belezuras. Por vezes, uma das colegas protestava:

  • Sabe quando você terá um homem desses? Nunquinha! Eles nem olham para você.
  • Explica aqui, o gosto é meu ou teu?
  • Teu.
  • Então, não dá palpite, ora veja!
    Após várias fotografias, Lurdes resolveu se aperfeiçoar na arte de fotografar e comprou uma Nikon de alta resolução, mas continuava a só fotografar homens bonitões. As amigas continuavam a comentar:
  • Vai morrer solteirona. Não é rica e nem bonita, qual homem bonito vai querê-la?
  • Não interessa, para me namorar tem que ser bonito.
    A cada dia, se apaixonava mais pela fotografia e, como sempre, também virou uma obsessão. Tanto que, deixou de falar dos bonitões e entrou em um curso com o fotógrafo Silvio Macaé. Nesse curso, conheceu um sujeito que todos os chamavam de tri pé, mas o seu verdadeiro nome era Wanderley e, sempre que podia, comentava com suas amigas:
  • Meninas! Acho que vou queimar a minha língua. Estou gostando de um homem que não é o tipo que sempre desejei. É baixinho, feio e barrigudo, mas um amor de pessoa, o nome dele é Wanderley, mas todos os chamam de tri pé. Tudo a ver com fotografia. Acho que, é daí que veio a paixão!
    Era tri pé pra lá, tri pé pra cá, tornou-se obsessão, até que resolveu casar com o fotógrafo.
  • Vi o seu álbum de casamento. Disse Emília. Belas fotos! Também, de dois profissionais!
  • Nem fale, amiga! Já me divorciei, não soube?
  • Não! Mas, só tem uma semana!
  • Então! Foi na lua de mel. Pensei que o apelido de Wanderley tinha a ver com a fotografia. Mas no dia da primeira noite, pude ver que não. Gritei socorro! Sai correndo e gritando, não aguento, não aguento! Só deu tempo de tirar uma foto.
  • Revelou?
  • Sim! Teve que ser em uma folha A4.
  • Cruzes!

Por Guto Sardinha