Cara a tapa

   1970, nós, geração ditadura, em férias escolares, só pensávamos em ir a praia, jogar um futebol, paquerar nas matinês dos cinemas, dançar de rostinhos colados no Hi Fi das amigas. Pouco entendíamos de políticas, pois, o regime nos obrigou a focarmos em educação com boas escolas e excelentes professores. Me lembro que, casar com uma professora, era considerado golpe do baú de tanto que eram valorizadas e bem remuneradas. Éramos totalmente alienados politicamentes, mas vivíamos felizes, românticos e amigos uns dos outros, a geração paz e amor. No mês de junho, ano de copa do mundo, nos vestimos de verde e amarelo para torcermos pela seleção canarinho e, a cada vitória, era um dia de carnaval de meio de ano e, com a taça conquistada, foi carnaval, reveillon e sábado de aleluia tudo junto, de tanta alegria pela conquista. Era muito bom!
   1979, foi sancionada a lei que concedia a abertura política, anistiando os cassados pelo regime militar com uma frase que ficou na história " É para abrir mesmo, quem não quiser que abra, eu prendo e arrebento!" disse o general presidente Figueiredo.
   Começamos, a partir desse momento, a nos interarmos pela política, pois um sistema de governo que nunca tínhamos vivido, estava batendo em nossas portas, viva a democracia!
   Após quarenta e três anos da abertura política, tivemos dois impeachment, vários escândalos de corrupções, a educação falida, a saúde idem, uma disputa política de ódio, amigos agredindo amigos, por uma disputa de esquerda e direita. Nos perguntamos, que país é esse? Democracia é isso?
   Estamos vivendo, com esse governo democraticamente eleito, uma guerra da esquerda e da direita. De um lado, o governo sendo acusado de fascista, do outro, uma falsa esquerda formada por ricos, chamada de comunista. O fascista faz prevalecer os conceitos de nação representado por um governo centralizado na figura de um ditador. O comunista, pelo que vimos na prática, em todo o mundo, não difere em nada do fascista, também representado por um governo centralizado na figura de um ditador, travestido de socialista. Nunca houve liberdades individuais ou riqueza pessoal  (exceto a elite) em um país comunista.
   Cadê a abertura política? Cadê a democracia tão desejada? Somos escravos de um poder de comunicação que fomenta uma polarização, no intuito de causar instabilidades políticas.
  • Então somos um país de idiotas?
  • Enquanto não nos unirmos ao governo democraticamente eleito, sim!
  • você acha que só a união de todas as nossas forças, nos fará uma nação respeitada?
  • Claro! Mas os imperialistas, ajudados por falsos brasileiros, não querem a nossa união, jogam na dividida!
  • Até quando vamos permitir isso?
  • não sei! A idiotice é cruel…

Guto Sardinha