O renomado cientista e um dos idealizadores e responsáveis pela criação da unidade, ressalta que exploração racional do local é fundamental
No último domingo (29), foi comemorado o aniversário de uma das unidades de conservação mais bem preservadas do País, o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. A Unidade completou duas décadas de preservação e nesta reportagem, o renomado cientista, professor da UFRJ e um dos idealizadores do Parque, Francisco Esteves fala um pouco sobre as belezas desse reduto de fauna e flora.
Ele destaca que, ao celebrarmos o aniversário da maior área preservada de restinga do Brasil, que é o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, nós estamos celebrando o aniversário de um doa maiores patrimônios que Macaé e região têm. “Esse patrimônio que ainda não foi devidamente explorado pela sociedade macaense e da região, é uma possibilidade fantástica para gerar emprego e renda, sobretudo para uma sociedade que depende unicamente, no momento principalmente, de um recurso natural não renovável que é o Petróleo. Esse recurso pode acabar, se exaurir ou pode economicamente não ser interessante e a economia entrar em declínio, em colapso, como recentemente experimentamos essa experiência”.
Esteves destaca ainda que quando se trata de parques nacionais, em todo o mundo, até mesmo no Brasil, várias cidades brasileiras têm como uma das fontes principais de renda os seus parques nacionais que estão em seus territórios. “Mas para que isso aconteça, o poder público municipal ou os vários municípios que estão na Unidade de Conservação, como o Parque Jurubatiba – juntos com as diretorias da unidade de conservação se unam e busquem elaborar projetos de exploração racional dessas belezas. Macaé tem nesse parque nacional belezas raríssimas que podem atrair turistas do mundo todo. Ontem mesmo estive no Parque e encontrei centenas de pássaros que vêm do Canadá (quando é muito frio lá), e passar parte do ano aqui em Macaé e região, nas lagoas do Parque. Então são atrações turísticas de grande importância”, disse.
Ainda de acordo com o cientista, na restinga de Jurubatiba temos espécies, tanto animais e vegetais, que só incorrem nessa região do planeta Terra. “Então, falta-nos abrir os olhos para esse potencial enorme que nós temos e que cabe ao poder público municipal, juntamente com as diretorias das unidades de conservação elaborar propostas para exploração desses recursos naturais”, ressaltou.
Riqueza presente em três municípios
O Parque Jurubatiba está localizado no norte do estado do Rio de Janeiro e engloba os municípios de Macaé (1%), Carapebus (34%) e Quissamã (65%). A unidade é composta por 44km de praias e 18 lagoas costeiras de rara beleza e de grande interesse ecológico.
O Parque é um abrigo para diversas espécies de fauna e flora das restingas que, em outros locais do país, estão em risco de extinção. Já foram, inclusive, encontradas novas espécies na área da Unidade.
Vale lembrar que, de acordo com dados históricos, a área onde hoje se situa o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba era habitada pelos índios Goytacazes, povo que tinha tradição guerreira. O Parque resguarda também a porção bem conservada do Canal Campos – Macaé, que levou quase 30 anos para ser construído por mão-de-obra escrava, com 104 km de extensão.
O Parque também é uma das Unidades de Conservação do Brasil com maior número de pesquisas científicas em desenvolvimento.
E tem mais. Na unidade de Conservação é possível encontrar moitas, aquática, pós-praia e florestas pantanosas e periodicamente inundadas. Ao longo de toda sua extensão, esse pequeno espaço intocado é reduto de diversas espécies da fauna e da flora. A sua vegetação é considerada de fundamental importância para todo equilíbrio ecológico.
Existem ainda as lagoas costeiras. Ao todo, são 16 lagoas permanentes e duas sazonais, que dependem de quando chove para aparecer. As maiores e mais conhecidas lagoas que englobam o Parque encontram-se no sentido sudoeste-nordeste. São elas: Lagoa Cabiúnas (também chamada de Lagoa Jurubatiba), Lagoa Comprida, Lagoa de Carapebus, Lagoa Paulista, Lagoa Piripiri, Lagoa do Visgueiro e Lagoa Preta. Na unidade existem ainda a Lagoa Encantada, Amarra-Boi, Garça, Maria Menina, Robalo, Barrinha, Casa Velha e Ubatuba.
O Parque abriga também lagoas ancestrais – ou seja, remanescentes de lagoas também chamadas de fundo das lagoas ancestrais de Jurubatiba, lagoas estas que existiam em áreas que hoje estão cobertas pelo mar.
Em recente entrevista, o subchefe do Parque, Marcos César apresentou o local à equipe de reportagem do Jornal O Debate e explicou que na área do Parque pertencente ao município de Carapebus, é possível ver essa relíquia. “Bem de perto é possível observar no local – próximo ao mar, resíduos de plantas que existiam na lagoa, e na área de cordões arenosos adjacentes, sendo que dá para ver a água doce correndo por sobre a rocha em épocas de chuva. Estas rochas possuem semelhanças com aquelas sedimentares que originam o petróleo”, disse.