Autoridades relembraram histórias e marcos da política macaense durante solenidade

Em uma noite tomada por discursos em defesa do Estado Democrático de Direito, a Câmara Municipal de Macaé inaugurou o Centro Cultural do Legislativo, na noite de quinta-feira (8). O centenário prédio, considerado um dos cartões postais da cidade, foi transformado em um polo de conhecimento e de resgate da história política local, em parceria com órgãos estaduais e federais.

A solenidade foi comandada pelo presidente Eduardo Cardoso (PPS), que esteve ao lado dos parlamentares locais e de cidades vizinhas, além de personalidades, familiares de homenageados, artistas e estudantes. “Este espaço é para o benefício da comunidade. Não poderia deixar de agradecer a todos os servidores que se empenharam na concretização deste sonho”, disse.

Sobre o acervo que o público terá acesso, Eduardo destacou a réplica da cadeira de engraxate utilizada pelo folclórico Tiziu, que trabalhava nos arredores da Praça Gê Sardenberg, um dos pontos de encontros de políticos e militantes da época. O móvel foi produzido por um artista espanhol como forma de homenageá-lo e está exposto juntamente com uma fotografia do trabalhador.

Durante a abertura, Luiz Fernando (sem partido) ressaltou momentos históricos, como o período em que o prédio serviu de sede para a prefeitura e para julgamentos do Tribunal do Júri. Já Marcel Silvano (PT) afirmou que o Centro Cultural servirá para as novas gerações conhecerem fatos relevantes da história. Julinho do Aeroporto (MDB), Márcio Bittencourt (MDB) e Cristiano Gelinho (PTC) também estiveram presentes.

No Centro Cultural, passam a funcionar a Escola do Legislativo e uma biblioteca pública, além do Museu, que foi inaugurado em 2016. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Para mais informações, os interessados podem acessar o site oficial da Câmara ou entrar em contato pelos telefones: (22) 2772-4268 e 2772-4885.

A mulher e a política

Primeira vereadora eleita na região e ex-vice-prefeita, Marilena Garcia recordou as grandes lutas políticas da Câmara, destacando o período do regime militar e o processo de redemocratização do país. Ela também protagonizou as ações que resultaram na criação dos royalties, marco do desenvolvimento de muitas cidades.

“Esta noite registra significativamente a história cultural de Macaé e mostra o quanto a política é fundamental, principalmente nos dias de hoje. Mas gostaria de falar especialmente para as mulheres: precisamos nos empoderar e lutar contra os retrocessos que ameaçam voltar ao Brasil”, frisou.

Já a ex-vereadora Maria Cristina Menezes se emocionou por diversas vezes ao relembrar as décadas de repressão. “Estamos vendo muitas pessoas dizerem que a ditadura não existiu e isso é muito grave. Eu fiz parte do grupo de médicos que trabalhou na busca por corpos de pessoas desaparecidas no regime militar e vivi de perto essa realidade. Não se faz progresso sem história e sem conhecimento”, alertou.

Homenagens

A Escola do Legislativo recebeu o nome de Carmem Garrido de Souza (1932-2016), primeira mulher da história de Macaé a ocupar o posto de chefe de gabinete do Executivo. Pela reconhecida competência, ela se manteve no cargo por diversas gestões e ainda exerceu importantes cargos administrativos, mesmo após a aposentadoria.

Já a Biblioteca leva o nome de Celina Mussi de Oliveira (1929-1994) Por décadas, a profissional foi a responsável pela instalação de espaços de pesquisas para estudantes. Em uma época sem internet ou computadores, os livros eram as fontes principais de conhecimento. Celina foi chefe da Biblioteca Municipal Dr. Télio Barreto entre 1972 até a sua morte.