Produção de água será retomada logo após o restabelecimento do fornecimento de energia elétrica
Dentre todos os detalhes que cercam a batalha judicial que envolve a gestão do abastecimento de água da cidade, um fato importante pode ser considerado a base dos argumentos que pautam a revolta da população macaense contra um serviço precário, prestado continuamente por quase três décadas, pela Nova Cedae. Ao enfrentar a decisão do governo em municipalizar o serviço, a concessionária tenta reassumir o controle de uma receita anual de mais de R$ 50 milhões, paga pelos cerca de 45 mil imóveis ligados ao sistema de captação, tratamento e distribuição.
No entanto, a estatal ligada ao governo do Estado, cuja existência segue em risco por conta do empréstimo contraído pelo ex-governador Pezão (MDB) junto ao ex-presidente em exercício Michel Temer (MDB), apresenta, semana após semana, dados que comprovam a sua incapacidade de atender a demanda dos mais de 260 mil habitantes da Capital Nacional do Petróleo. Especialmente no momento em que Macaé vive o início de um novo boom de prosperidade.
Nesta semana, a Nova Cedae voltou a divulgar comunicado informando aos usuários a interrupção do abastecimento. A data da manobra será domingo (28), no mesmo dia em que a prefeitura realizará a Consulta Pública, para saber a opinião dos macaenses sobre a municipalização do serviço e a tarifa zero da água.
Devido à manutenção que será realizada pela concessionária Enel em seus equipamentos junto à Cedae, no domingo (28), a companhia irá interromper captação de água para tratamento das 5h30 às 17h. A produção de água será retomada logo após o restabelecimento do fornecimento de energia elétrica, mas em alguns locais – como ruas altas – o abastecimento pode levar até 48 horas para se normalizar.
Moradores de imóveis que dispõem de sistema de reservação (caixas d’água e/ou cisterna) não devem sofrer desabastecimento, mas mesmo assim, a Cedae pede que os consumidores utilizem de forma equilibrada e adiem tarefas que exijam grande consumo de água.
Ao ingressar com recursos e agravos em processos judiciais que tentam reverter as decisões adotadas pelo governo, para reassumir um serviço garantido pela Constituição Federal, a concessionária se preocupa em faturar alto com as contas cobradas aos macaenses, sem dizer nem como, nem quando, investirá em obras para melhorar a qualidade do serviço prestado na cidade.
Pelo comunicado da concessionária, os macaenses celebrarão os 206 anos de emancipação de Macaé sem contar com uma gota d’água nas torneiras. Talvez esse seja o ânimo que faltava para que a população utilize a Consulta Pública da prefeitura o momento ideal para expressar a repulsa e a revolta contra uma empresa pública que comprovadamente não tem qualquer capacidade de acompanhar o novo ciclo virtuoso de Macaé.