Mistura de água da chuva com esgoto, além do lixo, prejudica as redes e ETE’s
Apesar de não ser um mês típico dos grandes volumes de chuva, maio vai terminando marcado por ter registrado temporais atípicos no estado do Rio de Janeiro. Com isso, vieram vários transtornos, como as ruas alagadas. Além disso, muito do lixo acumulado acaba chegando às redes de esgoto, devido, principalmente, ao descarte incorreto e às ligações irregulares, causando entupimentos na rede e nas bombas das estações elevatórias.
Para se ter uma noção, com 205,8 milímetros registrados entre a sexta-feira (17) e o domingo (19), Macaé foi a cidade que acumulou o maior volume de águas das chuvas no Estado do Rio de Janeiro, o que gerou quase 60 Ordens de Serviço a mais para a BRK Ambiental, se comparado ao mês de maio de 2018. Já em Rio das Ostras, entre a quarta-feira (15) e a sexta-feira (17), a vazão na Estação de tratamento de Esgoto da BRK Ambiental, no bairro Mariléa, chegou a ficar em torno de 350 L/s, número sete vezes maior que a vazão média da ETE em tempo seco.
“Esse aumento da vazão causa impactos na rede e no tratamento, que não são projetados para isso. Além disso, o lixo que chega às redes de esgoto devido as ligações irregulares causa entupimentos na própria rede e nas bombas das estações elevatórias”, explicou a engenheira da BRK, Livia Garcia.
Chuva e esgoto não se misturam
Em meio aos transtornos, deve ser levado em consideração que há muitas diferenças entre a rede para coleta de esgoto e a que faz a drenagem da água da chuva. E quando a separação não é respeitada, todo o saneamento do município é prejudicado, colocando em risco a saúde das pessoas.
Isso porque a rede de esgoto faz a coleta dos resíduos líquidos produzidos nas atividades do cotidiano de uma residência, como os ralos e vasos sanitários. E esse esgoto é direcionado para a estação de tratamento, onde passa por diversos procedimentos até estar apto a retornar ao meio ambiente. Já a rede de drenagem de água pluvial recolhe o excesso de água da chuva, que não precisa de tratamento, e direciona de volta aos rios, lagos e mares.
Os problemas aparecem quando as duas redes são interligadas indevidamente. Afinal, o esgoto despejado incorretamente na rede de drenagem pluvial, em vez de passar por tratamento, é lançado diretamente na natureza. Já as águas das chuvas que caem na rede de esgoto aumentam as chances de extravasamentos, de retorno do esgoto para as residências e, mesmo quando a estrutura consegue suportar o volume excessivo de água, a eficiência do tratamento fica prejudicada porque o esgoto já chega a estação muito diluído.
Daí a importância de promover a ligação regular do imóvel à rede de esgoto. Desta forma, além de ajudar a garantir o bom funcionamento das redes de esgoto e de drenagem pluvial, a contribuição de cada um para a preservação do meio ambiente e para a saúde coletiva será enorme.