A campanha “O Brasil é um só povo” integra linguagem e figuras reconhecíveis ao público evangélico
O governo Lula realizou em dezembro um investimento significativo na promoção de anúncios publicitários em redes sociais, especificamente no Facebook e Instagram, através da conta @governodobrasil. A Meta, anteriormente conhecida como Facebook, divulgou em seu relatório da Biblioteca de Anúncios que o governo federal desembolsou R$ 473.426 para impulsionar 107 anúncios, focando principalmente no Novo PAC e na campanha “O Brasil é um só povo”.
Iniciada pouco antes do primeiro anúncio no dia 10, essa campanha representa um esforço do governo para estreitar laços com o público evangélico.
A campanha “O Brasil é um só povo” integra linguagem e figuras reconhecíveis ao público evangélico. Por exemplo, na propaganda do Novo PAC, ambientada em uma cidade do interior, uma mulher celebra a notícia de emprego garantido para o pai de sua neta com a expressão “Graça alcançada, Senhor!”. Outra peça publicitária apresenta duas mulheres no mercado, onde uma delas, beneficiária do Bolsa Família, ajuda a outra, culminando em um agradecimento expresso com o “Glória a Deus”, uma frase comumente associada aos evangélicos. Ademais, a presença do pastor e cantor gospel Kleber Lucas, que enfrentou críticas da comunidade evangélica por seu apoio a Lula, é destacada.
Essas iniciativas do governo ocorrem em um contexto onde Lula enfrenta significativa rejeição entre os evangélicos, conforme revelado por uma pesquisa Ipec da primeira semana de dezembro. Este segmento apresentou 35% de avaliação ruim ou péssima do presidente, em comparação com 30% na média geral. A adoção de um vocabulário religioso, como “crentês”, e a inclusão de figuras religiosas controversas na publicidade governamental são esforços visíveis para reverter essa percepção negativa.
Contudo, a eficácia dessa estratégia é questionável, principalmente quando contrastada com políticas governamentais que entram em conflito com crenças evangélicas, como o apoio ao aborto e a realização de cerimônias não cristãs em eventos oficiais.