Em meio a falta de atenção do poder público, esgoto causa transtorno em via movimentada
Enquanto na teoria o saneamento básico no Brasil é um direito assegurado pela Constituição e definido pela Lei nº. 11.445/2007 como o conjunto dos serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais, na prática em Macaé, ele tem deixado a desejar e em vários pontos da cidade, o reflexo do abandono pode ser confirmado com os diversos pontos de vazamentos dos dejetos.
Na tarde de segunda-feira (15) a equipe de reportagem de O DEBATE flagrou mais um ponto onde a situação está crítica e os moradores reclamando por atenção. O local fica na Ajuda de Cima – Estrada do Horto, bem próximo ao trevo.
“Já faz alguém tempo que a tampa do bueiro se rompeu e todo esgoto está transbordando na rua. A situação está feia. Além do mau cheiro, é triste demais a gente abrir a porta de nossas casas e ter que nos deparar com o esgoto jorrando. Ao que parece a cidade está abandonada. É esgoto vazando de um lado, falta de água de outro, os serviços de saúde que não funcionam direito. Está cada dia mais difícil”, disse um morador que prefere não se identificar.
O problema da falta de saneamento é algo que parece estar distante de ser solucionado na cidade. Além dos diversos pontos flagrados diariamente com vazamentos e dejetos jorrando a céu aberto, o esgoto também é lançado de forma irregular nos recursos hídricos, como por exemplo no Rio Macaé e Lagoa de Imboassica.
No Rio Macaé, por exemplo, a situação, apesar de comum, fica mais fácil de ser vista quando a maré está baixa. Além do esgoto, o manancial recebe ainda o descarte de garrafas pets, sacolas plásticas, pneus e muitos outros tipos de resíduos que têm contribuído para o seu assoreamento.
O lamentável é que há alguns anos a previsão do órgão municipal era de que, até o final de 2015, Macaé teria 65% do seu esgoto tratado e que em 2016 todo o município contaria com rede coletora e tratamento de efluentes. Mas ao que tudo indica, foram apenas metas projetadas e que não foram cumpridas. Três anos já se passaram e o problema continua.
Ainda no Rio Macaé, na altura da Ponte Ivan Mundin, indo para a Barra, por exemplo, é possível observar o quanto o Rio Macaé está comprometido, uma vez que continua recebendo dia e noite uma enorme quantidade de dejetos. O manancial está cada vez mais afetado. E apesar de compreender cerca de 1.766 km² e abranger grande parte do município de Macaé e parcelas dos municípios de Nova Friburgo, onde estão localizadas as nascentes, de Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Conceição de Macabu e Carapebus (sendo que, aproximadamente, 82% da superfície da bacia está no município de Macaé), o nível do rio já não tem sido suficiente o bastante para abastecer a cidade que tem enfrentado constantemente a falta de água.
A redação do Jornal entrou em contato com a BRK Ambiental, empresa responsável pela coleta e tratamento de esgoto em Macaé e com a Prefeitura, por meio da assessoria de comunicação.
Por meio de nota, a BRK disse que esteve no local na segunda-feira (15/01) no local e já realizou o serviço desobstrução da rede existente. A concessionária ressalta que o bairro Ajuda de Cima pertence ao subsistema Aeroporto e que o programa de execução de investimentos no sistema de esgotamento sanitário na região está sob avaliação da Prefeitura, mas reforça que periodicamente tem contribuído com a limpeza e desobstrução das galerias pluviais, com o objetivo de minimizar os transtornos causados à população. A concessionária ressalta ainda que as solicitações de limpeza de esgoto em vias públicas devem ser feitas pelo 0800 771 0001.