O caso aconteceu no Canadá. Recentemente, uma mulher transgênero indígena criticou o sistema de saúde do país por rejeitar seu pedido de eutanásia
No Canadá, ocorreu um evento recente em que o sistema de saúde do país foi criticado por uma mulher transgênero indígena por não ter aceitado seu pedido de eutanásia. O transgênero que está reavaliando sua situação alega sofrer com as consequências emocionais de ter passado por uma cirurgia de construção vaginal.
Lois Cardinal, autodeclarada “transsexual pós-operatória esterilizada das Primeiras Nações”, fez uma solicitação por uma injeção letal em janeiro deste ano devido ao arrependimento em relação à sua transição médica. Os registros médicos referentes a essa solicitação foram postados online por Cardinal, que reside em uma reserva nativa próxima a St. Paul, Alberta.
Este caso ilustra claramente as características do sistema de saúde ultraliberal do Canadá, que é um dos mais permissivos do mundo tanto no tocante à prática da eutanásia quanto na validação da identidade de gênero escolhida pelo paciente. O transgênero arrependido, com 35 anos de idade, compartilhou: “Eu me encontro em um estado de desconforto e dor contínuos. Isso tem sido um fardo psicológico para mim. Se eu não conseguir ter acesso aos cuidados médicos adequados, não desejo continuar assim.”
Em 2009, Cardinal passou por uma vaginoplastia, um procedimento complexo que transforma o pênis em uma neovagina. Contudo, ela logo enfrentou complicações e se arrependeu da decisão. Mesmo muitos anos após a cirurgia original, ela lida com pressão, dor e desconforto constantes. Segundo um estudo recente conduzido pela Universidade da Flórida, a maioria das pessoas que passam por tal procedimento experienciam dores e desconforto posteriormente, sendo comuns problemas como dores durante o sexo e questões relacionadas à bexiga, além da necessidade de dilatar regularmente a neovagina para prevenir a atrofia.
Pedido recusado
Os documentos nos quais Cardinal formalmente solicita a reversão da cirurgia foram divulgados nas redes sociais pelo transgênero arrependido. No pedido, é mencionada sua angústia associada à neovagina para fins de afirmação de gênero. Entretanto, os médicos recusaram a solicitação de Cardinal, afirmando que, com base nas informações clínicas e nas avaliações atuais, o paciente não se enquadra nos critérios do sistema de saúde. Outro profissional acrescentou: “A paciente está ciente de que pode entrar em contato novamente comigo para dar continuidade à sua jornada rumo a uma morte assistida.”