A preocupação com a preservação e conservação ambiental vem ganhando destaque nos últimos anos, principalmente, devido aos impactos que o uso irresponsável dos recursos naturais tem causado nos diferentes aspectos da sociedade como a economia, política, saúde e qualidade de vida.
Todos nós sabemos que a situação é séria e que precisamos de uma mudança global. Porém, corremos o risco de não identificar a responsabilidade que cabe a cada um de nós. É preciso admitir de forma pessoal que tudo o que hoje podemos observar e qualificar como desastre ambiental, perda de biodiversidade, contaminação de água, solo e ar, tem um pouco da nossa contribuição.
O Papa Paulo VI, quando se referia à problemática ecológica, falava de uma crise, consequência da “atividade descontrolada” do ser humano. E quem não vive hoje uma tendência para esse consumismo? Infelizmente somos contagiados sutilmente, quando consumimos produtos sem necessidade, levados pela agitação e pressão do dia a dia e, como consequência disso, aumentamos a geração de resíduos e emissões atmosféricas, e diminuem-se as reservas dos recursos naturais, muitas vezes não renováveis.
Somos livres, sim, temos liberdade para consumir, porém a obsessão pelo consumo faz de nós seres egoístas interessados unicamente nas nossas necessidades, sem olhar para o efeito que as nossas ações podem causar na vida das outras pessoas.
Dessa forma, a problemática ambiental tem no fundo uma crise social, porque “todos os progressos científicos por mais extraordinários que sejam, se não estiverem unidos a um progresso social e moral, voltam-se, necessariamente, contra o homem” (Paulo VI, discurso à FAO em novembro de 1970).
A encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, nos alerta claramente sobre essa realidade, explicando o princípio do bem comum e a responsabilidade humana. São atitudes simples, mas que se formos fiéis em aplicá-las dia a dia, terão um grande efeito. Como o consumo correto da água, um recurso indispensável para a vida humana e para a sustentação dos ecossistemas.
Infelizmente ainda existe o uso inconsciente desse recurso tanto nos países desenvolvidos quanto naqueles subdesenvolvidos, que contam com grandes reservas, principalmente, na América Latina. Precisamos cuidar das reservas e da qualidade!
Algumas dicas práticas para aplicar em casa são: garantir a correta vedação de torneiras e chuveiros para evitar vazamentos; reaproveitar a água da máquina de lavar roupa; lavar a louça de uma vez; regar o jardim no horário certo; acompanhar o consumo indicado no hidrômetro de casa.
Outros hábitos indispensáveis são: apagar as luzes durante o dia e nos lugares onde não houver pessoas; não deixar os aparelhos nem computadores em stand by; usar a máquina de lavar só quando ela estiver cheia; colocar a geladeira longe do fogão e das áreas mais quentes da cozinha.
Quanto à geração de resíduos, nossa primeira opção deveria ser sempre a redução. Os aterros sanitários estão ficando cada vez mais cheios e ocupando mais espaço. Mesmo quando o lixo é disposto corretamente, muitas vezes, grande parte dele, que não é recolhida, é jogada diretamente nos rios e na terra.
Evitemos o uso de material plástico e de papel. Podemos separar os resíduos para facilitar a reciclagem e reaproveitar as coisas antes de jogá-las fora. Dessa forma, também contribuímos na conservação das matérias primas, que são recursos naturais.
Podemos ainda escolher o transporte público, utilizar bicicleta ou até fazer uma caminhada nos percursos que não necessitem de veículo automotor.
O momento difícil que enfrentamos no Brasil precisa nos ajudar a valorizar a riqueza que temos como recurso e nos levar a tomar atitudes diferentes. A humanidade nunca teve tanto poder sobre si mesma como tem hoje. Somos os únicos com a capacidade para transformar essa realidade!
* Angela Maria Cabel Garcia é missionária da Comunidade Canção Nova e engenheira ambiental.