Por DINO DIVULGADOR DE NOTÍCIAS

Quando o tatuador Mario Espolaor do Inkaholics Tattoo Crew, em São Paulo, ingressou na profissão em 2010, a procura por desenhos definitivos em áreas do corpo como mãos, pescoço e rosto era pequena e limitada àqueles que já carregavam uma porção de desenhos na pele. “Nos últimos dois anos, cresceu muito o número de pessoas que optam por fazer sua primeira tattoo em um local extremamente visível do corpo”, diz.

Inspirado no visual de celebridades como Justin Bieber, Gucci Mane e Wiz Khalifa, o que já foi um tabu com risco de rejeição no mercado de trabalho, agora é moda entre jovens que parecem não se preocupar com o que os outros vão pensar. O cantor norte-americano Post Malone, que esse ano bateu o recorde dos Beatles com nove músicas ao mesmo tempo no Top 20 da Billboard, não esconde a motivação que o levou a rabiscar o rosto: “Qualquer coisa que aborreça minha mãe”, declarou. O rapper carrega na testa a frase “Stay Away” (em português “fique longe”) e as palavras “Always” e “Tired” (“Sempre” e “Cansado”) embaixo dos olhos, além de pequenos desenhos espalhados pela face, incluindo o logo da Playboy.

O rapper norte-americano Tekashi 6ix9ine, com mais de 13 milhões de seguidores no Instagram, engrossa a lista dos novos tatuados, com destaque para um grande número “69” no rosto, sua marca registrada.

Por décadas, tatuagens em áreas visíveis do corpo, especialmente no rosto, estavam associadas a tribos, gangues ou rebeldes famosos como o lutador Mike Tyson. Agora, em vez de assustar, a ideia é expressar preferências artísticas, personalidade e, ao que tudo indica, ganhar popularidade nas redes sociais. No Instagram é possível acompanhar o crescimento dos adeptos através da hashtag #facetattoo, revelando que a moda não se limita aos “bad boys”. Ao contrário, o público feminino entrou de cabeça na onda, seguindo os passos de Kat Von D, tatuadora e empresária, famosa pelo reality show Miami Ink, que tem estrelinhas na lateral do rosto; e da cantora pop Kehlani, com cerca de 11 tatuagens entre pescoço e rosto, incluindo a frase em espanhol, “Espíritu Libre” na têmpora. “Essa é mais uma forma de expressão da força e do empoderamento da mulher de hoje, mostrando que tatuagem no rosto ou em qualquer outra região exposta não interfere negativamente em nossa feminilidade”, diz a tatuadora Monica Motta, proprietária do Malk Kustom Tattoo, em Sertãozinho, interior de São Paulo.

Apesar do visível crescimento das tattoos faciais, Mario Espolaor faz um alerta comum entre os profissionais da área. “Tatuagem é para sempre. Mesmo que seja possível remover desenhos a laser, vale lembrar que esse procedimento é doloroso e pode deixar marcas”, diz. “Além disso, tatuagem faz parte de uma cultura, e se a motivação para fazê-la vem de modismos e não realmente do seu estilo de vida, o arrependimento pode vir rápido. Tattoo em áreas superexpostas devem ser encaradas como a cereja do bolo, um troféu para quem já tem boa parte do corpo tatuado e se sente muito bem assim”.

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