Por mais que o entusiasmo criado pelo processo eleitoral deste ano, que reforça a mobilização de agentes políticos e ajuda a estabelecer novos parâmetros de força e de representatividade para a disputa pela sucessão do governo municipal, que só ocorrerá em 2020, não restam dúvidas de que a batalha pelo voto vai deixar sequelas profundas nas relações públicas que sustentam o sistema político da cidade.
O discurso proclamado pelo presidente da Câmara, Dr. Eduardo Cardoso (PPS), na terça-feira (11), representa de forma clara que, ao exigir lados, a política ajuda a construir projetos de poder, mas é forte o suficiente para afundar alianças antigas. E neste jogo, sempre alguém vai sair ferido.
Com quatro candidaturas oficiais a vagas na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o plenário do Legislativo viverá em breve o seu próprio processo eleitoral, onde Eduardo voava em céu de brigadeiro, com a garantia de reeleição.
Porém, a disputa pela presidência da Casa ganha um contorno diferente, a partir do momento que as alianças em torno de um só projeto político, o do vereador Welberth Rezende (PPS), rompe parcerias históricas do plenário, que colocam em dívida qualquer eleição com folga para a condução dos trâmites do parlamento para o biênio entre 2019/2020.
Se as eleições reconfiguram os acordos políticos/partidários entre os agentes públicos da cidade, a disputa pelo voto também é capaz de desfazer projetos vitoriosos, que tentam manter uma hegemonia que ajuda a conceituar um dos ambientes mais agitados da história das eleições na cidade.
E isso se distancia, cada vez mais, dos interesses da sociedade que, mais uma vez, é colocada de escanteio nas discussões que envolvem o futuro da administração e da democracia do município.
Em um eterno jogo de disputa pelo poder, Macaé fica à mercê de discussões que não estão diretamente ligadas às necessidades de revisão de sistemas que precisam garantir a superação da crise, o retorno dos empregos e o desejo real da sociedade por mudança.
Por mais que o debate político ainda permaneça dentro dos gabinetes, seja do Legislativo, seja do Executivo, a sociedade precisa avaliar esse tipo de jogo, para entender como o debate sobre o futuro da cidade será traçado.