Os 14 segmentos mais impactados pela crise empregam 22 milhões de brasileiros; no Estado do Rio, 53,9% dos pequenos negócios tiveram que fechar as portas temporariamente
A crise econômica que o Brasil atravessa por causa da pandemia do novo coronavírus traz números preocupantes para as micro e pequenas empresas e para o mercado de trabalho. Dados do Sebrae mostram que os 14 setores mais impactados pela Covid-19 concentram 46% dos empregos do país, ou 22 milhões de vagas, e representam 59% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Os segmentos de economia criativa (-77%), turismo (-75%), academias (-72%), artesanato (-68%) e moda (-67%) são os que mais perderam faturamento durante a crise, de acordo com o levantamento.
Nesse cenário de praticamente interrupção das atividades econômicas, os pequenos empreendedores têm enfrentado muitas dificuldades na obtenção de linhas de crédito, uma luta do deputado federal Christino Áureo (PP-RJ). No Estado do Rio de Janeiro, 53,9% dos pequenos e micro estabelecimentos tiveram que interromper as atividades temporariamente devido ao surto.
– Com um grupo de deputados, fizemos uma análise completa das linhas de crédito ofertadas pelo governo e vimos que elas são completamente ineficientes na chegada à ponta. Por isso, apresentamos uma série de sugestões para facilitar isso. Algumas delas já estão sendo incluídas em projetos de lei e medidas provisórias que o próprio governo encaminhou. A expectativa é de que consigamos tornar efetivo o que já foi aprovado no Congresso. As pessoas precisam ver a coisa acontecer – afirma Christino Áureo.
A contratação de empréstimos é uma das principais reclamações dos empreendedores. Na maioria das vezes, eles esbarram na burocracia, exigências dos bancos e juros altos. No Rio de Janeiro, 58,7% dos micro e pequenos negócios tiveram ou terão que pedir crédito às instituições bancárias para manterem os estabelecimentos em funcionamento, sem a necessidade de demissão, segundo o Sebrae.
Em relação a todo o Brasil, os números chamam ainda mais a atenção. De acordo com o levantamento, 86% dos pequenos empresários que tentaram crédito não conseguiram ou ainda aguardam resposta.
O microcrédito é um tema que tem atenção especial de Christino Áureo, que destacou, na MP 905, um capítulo só para o assunto.
– É muito importante para o pequeno empreendedor e, principalmente, aos microempreendedores que estão na informalidade. É uma modalidade que nós também conseguimos ampliar o alcance. Isso será muito importante – destaca Christino Áureo.
Das três linhas emergenciais de crédito anunciadas pelo governo, apenas o Programa Emergencial de Suporte a Empregos (PESE), destinado ao pagamento da folha salarial, está completamente ativo. Mas, para conseguir acessá-las, os empresários não podem demitir e precisam ter a folha de pagamento atrelada a um banco, exigências que acabaram comprometendo o sucesso da linha. Até o momento, dos R$ 40 bilhões anunciados, pouco mais de R$ 2 bilhões foram efetivamente contratados.
O PRONAMPE, destinado a micro e pequenos empresários e que conta com quase R$ 16 bilhões do Tesouro Nacional, entrou em operação nesta semana, mas, por enquanto, tem apenas um banco habilitado a conceder os empréstimos. Já o Programa Emergencial de Acesso a Crédito ainda não está totalmente regulamentado.