Sem medo, é preciso falar abertamente sobre o assunto que se tornou epidemia no mundo inteiro
No mês de setembro, muito se discute ao redor da triste realidade do suicídio, problema que transcende fronteiras e se torna uma epidemia global. Os dados alarmantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) não mentem: mais de 700.000 vidas são perdidas a cada ano. Apesar de não seguirem um padrão uniforme, percebe-se que os homens e jovens entre 15 e 29 anos são a maioria.
Para combater o estigma associado à saúde mental, é preciso conversar abertamente e sem medo. A educação se torna fundamental nesse processo, desde as escolas até os locais de trabalho podem ser espaços para a identificação de sinais de alerta e suporte. Linhas de ajuda e aconselhamento, como o disk 188, do Centro de Valorização da Vida (CVV), são importantes nos momentos de desespero. A prevenção eficaz começa com a capacidade de identificar e responder prontamente aos indivíduos em risco.
O psiquiatra Dr. Otmar Steiner, do Hospital Santa Catarina de Blumenau, aponta que essas mudanças comportamentais como perspectivas negativas de futuro, desesperança, associado à insônia e ao abuso de álcool ou outras substâncias, já indicam que a pessoa pode estar com algum transtorno mental que necessita de tratamento. O que mais protege a pessoa do suicídio é a rede de apoio que pode ajudar percebendo as mudanças e se propor a conversar. “Se surgir a percepção da desesperança, pode-se conversar sobre a perspectiva que a pessoa tem do futuro, da sua vontade de não estar viva e mesmo sobre pensamentos suicidas”, exemplifica Dr. Steiner.
Os sinais podem se manifestar de diversas maneiras. As mudanças marcantes no comportamento como o isolamento social, falta de interesse em atividades corriqueiras ou perturbações no sono, por exemplo, podem ser sinais de quem está precisando de ajuda. Quando a pessoa verbaliza com tons desesperançosos ou até menciona falta de sentido na vida ou desejo de desaparecer, pode ser um bom momento para se disponibilizar como apoio. O estado depressivo pode ser “resultado de uma vivência pontual e específica, uma frustração , uma perda, ou um luto, a abordagem mais adequada é a psicoterapia”, indica o Dr. Steiner.
Para se diagnosticar sobre o risco de suicídio, é preciso de uma avaliação clínica por parte de psiquiatras, psicólogos ou assistentes sociais. Assim é possível traçar estratégias como a terapia psicológica regular ou com medicações apropriadas. Abordagens multidisciplinares, que envolvem uma equipe de profissionais de saúde, garantem uma abordagem mais eficaz na prevenção do suicídio.
Sem medo de falar sobre o assunto, a prevenção começa com a educação, a conscientização e a eliminação do estigma em torno do tema. Identificar os sinais de alerta, diagnosticar o risco e oferecer tratamento apropriado são passos cruciais na luta contra essa triste realidade e na busca por salvar vidas.
Por ND Mais