A organização da COP30, marcada para novembro em Belém, vai pagar R$ 1 milhão por 51 mil galões de 20 litros de água. O custo levantou críticas porque os valores chegam a ser 611% maiores do que os praticados em outros contratos da Administração Pública, como mostrou levantamento no Painel de Preços do governo federal.

O fornecimento de água está incluído no convênio firmado entre o governo Lula e a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OIE), sem licitação, no valor de R$ 480 milhões. A OIE, responsável pela montagem do evento, recebe 5% do total como taxa administrativa, o que inclui itens cotados inicialmente com valores ainda mais altos que os pagos.

Na licitação da OIE, os galões foram orçados a até R$ 60,44 a unidade. Após ajustes, os preços ficaram em R$ 30,22 (Zona Verde) e R$ 18,27 (Zona Azul). Ainda assim, esses valores são muito superiores aos pagos por órgãos como o Senado Federal, que comprou 60 mil unidades por R$ 4,25 cada, em abril.

Órgãos públicos como a Marinha, Aeronáutica, Justiça Federal e universidades conseguiram adquirir volumes semelhantes a preços bem menores, inclusive na Região Norte. A Universidade Federal do Acre, por exemplo, pagou R$ 4,95 por unidade, e a Justiça Federal em Pernambuco, apenas R$ 3,80.

Procurada, a Secretaria Extraordinária para a COP30 alegou que os preços estão em análise e consideram “os custos locais de Belém”. Ainda assim, a compra de água em valores inflacionados reforça críticas sobre má gestão de recursos e alimenta suspeitas sobre o contrato sem concorrência pública.