Dormir com uma almofada inadequada pode prejudicar a qualidade do sono e causar dores, como na cabeça e na cervical; aprenda a escolher o melhor produto para dormir melhor.
Existem vários fatores que afetam a qualidade do sono todas as noites, entre eles, a escolha do travesseiro. Dormir com uma almofada que não seja adequada pode levar a dores de cabeça e na coluna cervical, especialmente no pescoço e nos ombros. Por isso, saber determinar qual é o melhor produto é essencial para acordar revigorado e sem incômodos pelo corpo.
Diante de tantas opções, como saber qual a melhor? A primeira orientação é escolher o modelo do travesseiro de acordo com a posição que mais gosta de dormir. Não existe nenhuma evidência científica de que dormir de barriga para cima, de barriga para baixo ou de lado seja melhor ou pior para a coluna – essa escolha é muito particular de cada pessoa. Então, quando estiver preparado para adormecer, a dica é passar alguns minutos deitado de costas, de lado e de bruços para descobrir qual dessas posições parece ser mais confortável.
“É importante saber a posição que a pessoa dorme antes de comprar um travesseiro. Se ela dorme de lado, o tamanho adequado do travesseiro deve ser da altura entre a orelha e a parte lateral do ombro. Assim, vai alinhar com a coluna cervical de forma confortável. Se a pessoa dorme de barriga para cima ou de bruços, precisará de um travesseiro um pouco mais baixo, razoavelmente plano, para fazer o alinhamento correto”, explica Luciano Miller, ortopedista e cirurgião da coluna do Hospital Israelita Albert Einstein.
O médico acrescenta que existem alguns trabalhos que mostram que a escolha correta do travesseiro é fundamental para a diminuição da dor cervical. Ele diz que o paciente que tem uma dor cervical crônica, mais relacionada à postura, pode sentir dores no trapézio, nos ombros ou na nuca e, se não houver alterações musculares ou compressão de nervos, a escolha correta do travesseiro ajuda bastante na diminuição da dor.
“Para pacientes que têm graus elevados de comprometimento da coluna por compressão de nervos ou de discos, somente a escolha correta do travesseiro não vai fazer tanta diferença. Mas se a dor estiver somente relacionada à postura, esses pacientes se beneficiam muito com o travesseiro correto”, afirmou o cirurgião.
É importante escolher o modelo em uma loja física para poder experimentá-lo e definir qual a pessoa se adapta melhor. Também é válido avaliar a estrutura e o material: se é feito de plumas, de algodão, se é viscoelástico, se é multicamadas, se é sintético, entre outras opções. O médico explica que não existe um melhor do que o outro – a escolha é pessoal.
“Por isso, recomendamos experimentar antes de comprar. Se ele tiver uma estrutura muito mole, por exemplo, por mais que ele tenha a altura adequada no momento da compra, ele pode afundar demais quando a pessoa deita e a coluna cervical não vai conseguir se manter alinhada”, orientou. Isso porque a cabeça de um adulto pesa de três a cinco quilos, então, a estrutura do travesseiro precisa suportar esse peso.
Segundo Miller, os travesseiros que têm mais aceitação geralmente são os viscoelásticos, por serem mais maleáveis e se moldarem melhor à cabeça. Os multicamadas (que possuem opções de regulagem de altura) também são recomendados porque permitem que a pessoa encontre a altura ideal e vá se adequando conforme o tempo e a posição em que ela dorme. Já no caso de opções de modelos feitos de espuma mais dura ou de mola ensacada, o ortopedista diz que é preciso escolher a medida da altura correta porque eles deformam menos e, se forem muito altos, podem ser ruins para a pessoa dormir.
Quando é a hora de trocar de travesseiro?
Depois de escolher o modelo que melhor se adequa às necessidades pessoais, é preciso ficar atento à durabilidade do travesseiro – as estruturas costumam durar de três a cinco anos. Depois desse período, é recomendado comprar um novo. Um dos sinais de que é hora de trocar é quando a pessoa consegue dobrá-lo ao meio ou precisa ficar arrumando o travesseiro com as mãos para conseguir apoiar a cabeça corretamente.
“Depois desse período, vale a pena trocar de travesseiro porque após um tempo, com o uso, a estrutura original não se mantém e vai perdendo o benefício. Se a pessoa percebe que o travesseiro está deformando e não retorna à posição original, já pode pensar em comprar um novo”, reforçou o ortopedista.
Além da questão da dor cervical, outro fator que importa na escolha do modelo de travesseiro está relacionado a possíveis alergias. “Quando a pessoa dorme, pode sair secreção dos olhos, do nariz e da boca. Quando transpira, o suor vai para o travesseiro, que acaba se transformando em um grande depósito de ácaros. Com os anos, uma porcentagem do peso dos travesseiros é de ácaros. Por isso, é bom escolher o modelo mais adequado e trocar na hora certa”, alertou.
Impacto na qualidade do sono também
Um bom travesseiro também tem impacto direto na qualidade do sono. O alinhamento correto da coluna vai ajudar a relaxar a musculatura e, consequentemente, a noite de sono será melhor. “Qualquer item que esteja sobre a cama vai interferir na qualidade do sono. Pode ser o travesseiro, o cobertor, a densidade do colchão. Mas, falando especificamente do travesseiro, é importante que a pessoa use um que permita ficar numa posição neutra e confortável [com a coluna alinhada]”, disse a neurologista Letícia Soster, do Grupo Médico Assistencial do Sono do Hospital Israelita Albert Einstein.
Soster explicou que é importante escolher o modelo adequado porque quanto mais profundo for o sono, menor a capacidade da pessoa reagir a momentos de incômodo, entre eles, uma possível dor no pescoço.
“Se a pessoa dorme com um travesseiro que a incomoda só um pouco ou quase nada, ou que não a coloca numa posição muito confortável, ou que a deixa com a cabeça muito caída, pode ser que durante o sono ela não sinta. Mas, ao acordar, vai sentir o efeito daquela posição que não estava muito agradável. Imagine isso acontecendo ao longo do tempo. Isso vai gerar dores e incômodos e, muitas vezes, ela nem percebe de onde está vindo. E pode ser que venha do travesseiro”, completou a neurologista.
Por: Fernanda Bassette, da Agência Einstein
Fonte: Agência Einstein