Aproveitando o mês de novembro e seus dois feriados marcantes – a Proclamação da República (15) e o Dia da Consciência Negra (20) -, a Biblioteca Municipal Télio Barreto vai exibir três documentários sobre artistas brasileiros. Pagu (1910-1962); Solano Trindade (1908-74) e Ferreira Gullar (1930-2016), que fizeram conexão direta entre vida, participação cidadã e poesia.
Os documentários que serão exibidos foram produzidos pelo Canal Curta, na série de seis episódios chamada “República da Poesia”, em 2018, e têm 45 minutos de duração. Pagu será exibido nesta quinta (14), às 18 horas. Solano Lopes será o próximo, dia 21, no mesmo horário. A mostra finaliza com Ferreira Gullar na última quinta do mês, 28. As exibições serão seguidas de debate e valem como hora-atividade para escolas e faculdades.
Os três se associaram a lutas emancipadoras em seu tempo. Buscaram ampliar o espectro de direitos sociais, cada um em suas frentes: Pagu no feminismo, Solano Trindade no movimento negro, Gulllar no movimento partidário.
Pagu, Patricia Galvão (1910-62) foi escritora, poeta, diretora teatral, cartunista e jornalista. Teve atuação marcante no Modernismo brasileiro, tendo sido companheira de Oswald de Andrade na época de efervescência do Movimento Antropofágico. Foi presa dezenas de vezes, no envolvimento com o movimento sindical e as greves de trabalhadores. Depois de se separar de Oswald, casou-se novamente, indo viver em Santos (SP), onde tornou-se grande referência cultural e aglutinadora de artistas e ações culturais, principalmente no teatro. Morreu de câncer aos 52 anos.
Solano Trindade (1908-74) foi poeta, escritor, folclorista, teatrólogo, artista plástico, ator e militante do movimento negro. Trabalhou com o movimento negro no Recife, em Salvador, em Pelotas e Embu, onde amplificou a atuação e fez da cidade uma coalizão de artistas plásticos, artesãos, grupos de teatro, transformando-o na Embu das Artes. Sempre defendeu a necessidade de educar o povo nas tradições afro-brasileiras, o que fez com brilhantismo em peças teatrais e livros de poesia. É o mais impactante poeta negro do Brasil. Morreu no Rio de Janeiro aos 65 anos.
Ferreira Gullar (1930-2016) foi poeta, escritor, artista plástico, ensaísta, tradutor, crítico de arte. Sua obra foi reconhecida tendo ganhado vários prêmios importantes ( APCA, Machado de Assis, Camões) e integrado à Academia Brasileira de Letras. Durante pelo menos seis décadas de produção artística, Gullar passou por todos os acontecimentos mais importantes da poesia brasileira e participou deles: concretismo, Neoconcretismo, CPC da UNE. Sua defesa da democracia o levou ao exílio, onde criou sua obra magna – O Poema sujo (1976). Voltou ao Brasil ainda nos anos 70, fixando -se no Rio de Janeiro, onde morreu aos 86 anos, por complicações respiratórias.