Por mais que os números tributários já consolidem uma nova trilha de prosperidade para Macaé, a realidade das ruas da cidade demonstra, de forma impiedosa, que a sombra da crise, seja ela financeira ou administrativa, ainda é encarada por muita gente, distante ainda da linha progressista que volta a ser traçada pelo petróleo.
Como um déficit acumulado há vários anos, e uma estratégia de gestão peculiar e bastante errada, o lado social de Macaé ainda é aquém da capacidade de investimentos que a cidade possui, abrindo ainda mais o abismo entre as riquezas do ouro negro brasileiro e a realidade de quem verdadeiramente precisa do apoio público.
Nos arredores da Rodoviária da cidade, é lamentável a situação degradante em que se encontram dezenas de moradores em situação de rua. Amontoados em calçadas, eles passam dia consumindo bebidas alcoólicas, dormindo ao relento, acostumados a condições subumanas, extremamente discrepantes da pujança que volta a ser propagada pelas atividades offshore.
Nos semáforos, crianças e adolescentes vivem em meio ao ritmo frenético dos carros, em busca de um trocado, na esperança de contribuir com uma vida melhor para as suas famílias de áreas periféricas erguidas em meio a promessas políticas e a esperança de dias melhores.
No meio deste contexto, há a participação de grupos de apoio, instituições religiosas e outras frentes sociais que buscam acalentar, através da fé e da partilha, a triste realidade de quem vive nas ruas, um sopro de esperança momentâneo em meio à dura rotina de quem encontra uma marquise como teto.
Dentre esses e tantos outros cenários desoladores, há de se compreender que muito mais que o conceito de humanização, é preciso que Macaé abra os olhos para o que verdadeiramente a crise é capaz de promover, interferindo diretamente na vida de quem já tem muito pouco, e que perdeu as esperanças de voltar a conviver com a família, dentro de um lar.
Que o fim do ano, quando os sentimentos voltam à flor da pele, essa situação torne-se verdadeiramente uma questão a ser avaliada por um governo que segue arrecadando muito, porém se mantém cada vez mais distante da realidade das ruas.