Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), o mês de março em Macaé disparou no número de homicídios e especialista aponta falta de política de segurança pública
O ano de 2020 não tem sido fácil para muitas cidades. Além da pandemia do novo coronavírus, a população enfrenta uma crise na Segurança Pública, já que os criminosos não dão tregua no que tange a invasão de facções criminosas que lutam para dominar os territórios nas comunidades macaenses.
No acumulado deste ano (de janeiro a março), o aumento no número de homicídios chegou a 41 ocorrências, quase o dobro do mesmo período do ano passado, que chegou a 24 assassinatos, ou seja, um aumento de 70% na taxa de homicídios.
Ainda segundo dados do ISP, o mês de março foi um dos mais violentos na cidade, que registrou 23 mortes por arma de fogo, ao contrário dos meses de fevereiro que foram registrados 5 e janeiro 13 casos.
Já no ano passado, o mês de janeiro foram contabilizados apenas 4 casos, fevereiro 14, e março apenas 6 crimes.
As medidas de isolamento social para combater a pandemia do novo coronavírus (e a consequente diminuição do fluxo de pessoas nas ruas), determinadas por decretos do Governo do Estado desde o dia 16 de março, não impediram o aumento do número de homicídios no município.
O cientista político, Júlio Boldrini afirma que, apesar das medidas de isolamento social, as atividades criminais seguem roteiros independentes do ordenamento social geral. “Será preciso algum tempo para analisar os efeitos sociais desse processo na dinâmica criminal. Por enquanto, o cenário é de retomada por coletivos criminais de espaços nas periferias, com expansão qualitativa do domínio de mercados ilegais e controles sociais das vidas dos mais pobres”, explica Júlio afirmando que o baixo acesso à educação, unido à incapacidade do Estado em oferecer melhoria econômica às sociedades, são situações que potencializam o aumento de homicídios. “Macaé continua recebendo pessoas de todos os estados”.
Para Júlio, reduzir as mortes violentas, não basta apenas aumentar o efetivo policial. “É preciso reduzir o desemprego e melhorar a educação. Vai demorar? Sim. E sem retornos políticos. Caso seja feito um investimento maciço na capital, e isso seja implantado, os dois próximos períodos de gestão não poderão comemorar resultados”, avalia.