Quem se desloca muito por aí, especialmente os que fazem viagens para outras cidades que não conhecem bem, geralmente conta com a ajuda dos aplicativos de navegação por GPS para obter não apenas o caminho que devem seguir, mas informações sobre o trânsito, o tempo que vai demorar no deslocamento, incidentes no trajeto e muitas outras informações muito úteis para que a viagem seja mais confortável e tranquila.
De alguns anos para cá, dispositivos que usam GPS para monitorar o posicionamento de um veículo e mostrar onde ele se encontra no mapa de uma cidade se tornaram bastante populares
Porém, uma das maiores dúvidas entre os usuários desse tipo de serviço é bastante específica: por que aplicativos de navegação GPS em celulares omitem dados sobre preço e local de pedágios? Não seria consideravelmente fácil informar aos motoristas em quais pontos de uma rodovia encontram-se as praças de pedágio e quando vai doer no nosso bolso – além do que já vamos gastar com combustível – para percorrer o trajeto?
A resposta para essa pergunta não é muito simples de ser respondida. O TecMundo entrou em contato com responsáveis pelos principais aplicativos de navegação e tentou descobrir os motivos pela omissão dessas informações. Confira com a gente.
A evolução do navegador por GPS
De alguns anos para cá, mais precisamente a partir da virada do século XX para o XIX, dispositivos que usam GPS para monitorar o posicionamento de um veículo e mostrar onde ele se encontra no mapa de uma cidade se tornaram bastante populares, a começar pelos Estados Unidos e, posteriormente, aqui no Brasil também.
A popularização da tecnologia de posicionamento global nos smartphones acabou aposentando os antigos aparelhos
Esses aparelhos usavam o Sistema de Posicional Global (GPS – Global Positioning System), uma rede de satélites de navegação em órbita por todo o planeta, para levar motoristas até onde desejavam, seja um endereço, um ponto de interesse ou mesmo coordenadas geográficas. Esse sistema de posicionamento foi desenvolvido para fins militares no contexto da Guerra Fria e acabou passando a ser usado por civis, como aconteceu também, por exemplo, com a internet.
Com o tempo, esses dispositivos foram se tornando mais tecnológicos e disponibilizavam mais e mais recursos. Um deles era a possibilidade de se conectar à internet e obter informações em tempo real sobre um trajeto, como trânsito e incidentes nesse caminho. Porém, a popularização da tecnologia de posicionamento global nos smartphones acabou aposentando os antigos aparelhos e dando mais uma função extremamente importante para os nossos celulares.
Antigo aparelho de GPS da TomTom
A era do smartphone
Em pouquíssimos anos, praticamente todos os smartphones intermediários e top de linha do mercado disponibilizavam a tecnologia GPS e foi então que aplicativos como o Waze apareceram e o Google Maps ganhou um recurso de navegação, além de outros, como o HERE WeGo, anteriormente da Navteq, depois da Nokia e hoje pertencente a um consórcio de montadoras automotivas alemãs.
Se o aplicativo sabe onde estão as praças de pedágio nas rodovias para criar os caminhos alternativos, por que ele não informa dados mais detalhados para o usuário?
Com isso, os antigos dispositivos foram sumindo do mercado, ficando relegados apenas a aplicações mais específicas, e a presença do smartphone na hora de navegarmos para algum lugar aumentou muito. Com o tempo, eles foram ganhando mais e mais recursos, como a opção do próprio usuário alertar sobre acontecimentos em tempo real nos mapas, integração com aplicativos musicais e outras coisas interessante.
Uma das opções para quem vai pegar a estrada é definir um filtro que permite ao motorista evitar certos elementos em seu percurso, como balsas, estradas de terra e, claro, pedágios. Usando esse último, em certos casos, isso pode gerar um caminho tão absurdamente maior que nem vale a pena, mas tem vezes que a economia é considerável, tendo em vista os altos valores da tarifa em certas rodovias.
Sendo assim, se o aplicativo sabe onde estão as praças de pedágio nas rodovias para criar os caminhos alternativos, por que ele não informa dados mais detalhados para o usuário, como seu posicionamento exato e os valores das tarifas?
Com o tempo, a navegação migrou para os smartphones
Será que pode?
Quando esse questionamento surgiu e inspirou nossa investigação, a primeira coisa que nos passou pela cabeça foi que isso poderia ter algum impedimento legal, alguma exigência das próprias concessionárias privadas das rodovias ou mesmo uma dificuldade técnica em informar esses dados para os usuários, visto que haveria um considerável trabalho em manter atualizados os valores das tarifas.
Entramos em contato com alguns dos principais aplicativos de navegação por GPS e a resposta que obtivemos foi a mesma: eles possuem os recursos para tal, inclusive todos os posicionamentos de praças de pedágio e seus valores atualizados sempre através das concessionárias responsáveis pelas rodovias, porém, optam por não as disponibilizar para os usuários “comuns” que utilizam os aplicativos para andar por aí.
Pode, mas não queremos
Conversando com um porta-voz do aplicativo HERE WeGo, ficamos sabendo que “não existe nenhum empecilho legal ou inviabilidade técnica. A HERE Technologies desenvolve serviços de localização em nuvem e, entre os diversos serviços oferecidos pela companhia está a informação do preço do pedágio para calcular a rota mais eficiente. Como o impacto do custo do pedágio é maior no setor de transporte rodoviário, empresas de logística utilizam esse tipo de informação para otimizar suas rotas, reduzindo seus custos e aumentado sua eficiência operacional”.
Por enquanto deixamos os dados disponíveis para os desenvolvedores utilizarem em suas necessidades
Ou seja: esse é um caso em que a empresa apenas disponibiliza essas informações para programas específicos de navegação para transportadoras. A HERE Technologies, inclusive, fornece serviços de localização e kits de desenvolvimento para terceiros que queiram usa suas tecnologias para fazer planejamento logístico utilizando um histórico de dados de trânsito, além de informações como elevações das vias, zonas de restrição de caminhões e rodízio, por exemplo.
Quando questionamos a HERE sobre o motivo pelo qual as informações sobre os pedágios não são disponibilizadas para o usuário comum, a companhia afirmou que “neste momento é uma opção da empresa, mas nada impede que no futuro esses dados também sejam anexados ao HERE WeGo. Por enquanto deixamos os dados disponíveis para os desenvolvedores utilizarem em suas necessidades quando utilizam as ferramentas da HERE”.
Informações sobre pedágios são parte importante de uma viagem
“Não há motivo”
A Google teve o mesmo posicionamento em relação ao Maps, seu aplicativo de navegação. Um porta-voz afirmou que “o Google Maps é atualizado constantemente: os vários tipos de dados vêm de diversas fontes, incluindo informações de terceiros, dados públicos e contribuições dos usuários (que podem incluir pedágios). Atualmente, não temos os preços dos pedágios no Brasil e não temos planos para anunciar no momento”.
Quem viaja por aí e fica sempre preocupado com o quanto de dinheiro deve levar para cobrir as despesas com pedágio tem algumas alternativas
Quando questionados sobre o motivo da ausência dessa informação no aplicativo para o usuário comum, se havia algum tipo de obstáculo para tal, a empresa disse que “não há um motivo para não haver a informação lá e nem há impeditivos para isso. É apenas algo que o Google não possui”.
Buscamos responsáveis pelo Waze, um dos mais populares apps de navegação por GPS do mercado, mas a empresa não quis responder aos questionamentos feitos pelo TecMundo.
Pedágios são parte importante do valor gasto em um deslocamento mesmo por usuários comuns
Alternativas para ajudar o motorista
Quem viaja por aí e fica sempre preocupado com o quanto de dinheiro deve levar para cobrir as despesas com pedágio tem algumas alternativas, visto que os aplicativos de navegação por GPS não consideram isso uma informação valiosa para se passar para o usuário. Alguns sites e aplicativos conseguem dizer o preço e o local de cada praça de pedágio pelas quais você vai passar em seu trajeto.
A opção que se mostrou mais precisa e adequada é o aplicativo Qualp, disponível para o sistema Android e em versão para a web que pode ser acessada pelo navegador no seu computador. Ele tem parcerias com outros aplicativos, como o Cargo X e o BlaBlaCar, e também vende suas soluções de transporte para empresas da área.
Outras plataformas também podem calcular o valor do pedágio em uma rota, como o Mapeia, o Rotas Brasil e o Tarifas de Pedágios, todos em versões para a Web
Muito parecido com o antigo Google Maps quando ele ainda não permitia a navegação em tempo real – e inclusive usando ele como base para montar as rotas dos usuários –, o Qualp mostra não apenas onde cada pedágio está e o seu custo total com eles em uma viagem, mas também pode ser usado para calcular quanto combustível vamos gastar de acordo com o consumo do veículo e o preço do combustível utilizado.
Outras plataformas também podem calcular o valor do pedágio em uma rota, como o Mapeia, o Rotas Brasil e o Tarifas de Pedágios, todos em versões para a Web. Para os smartphones, podem ser usados o WikiRota e o Pedágio Brasil. O único problema desses aplicativos é que eles não podem ser usados como navegadores em tempo real igual fazemos com o Waze, o Google Maps, o HERE WeGo e muitos outros. A ideia é verificar os valores nessas plataformas antes de sair de casa e botar o pé na estrada.
Pedágios no trajeto São Paulo (SP) – Itu (SP): posição e valor de cada um
No futuro
Quem sabe em breve as empresas responsáveis pelos aplicativos de navegação por GPS entendam que esse seria um recurso muito útil e importante para quem viaja muito por aí por conta própria, usando um carro de passeio, ou mesmo para quem pega estrada de maneira profissional, mas não tem acesso a alguma plataforma especial com esses dados.
Fonte: Tecmundo