Bruno Rosa
RIO – A economia fluminense deve receber investimentos de R$ 332,9 bilhões nos próximos três anos, de acordo com levantamento inédito feito pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).
Desse total, o setor de óleo e gás deve responder por 91% dos recursos previstos para projetos no Estado do Rio entre 2022 e 2024. Em seguida aparecem os segmentos de infraestrutura e indústria de transformação.
De acordo com o estudo da Firjan, o Estado do Rio tem 292 projetos confirmados ou cujas obras já estão em andamento, sobretudo, na área de energia.
No levantamento, além das petroleiras, há destaque para a construção de usinas termelétricas movidas a gás natural em meio à maior crise hídrica dos últimos 91 anos.
Individualmente, o Norte Fluminense concentra R$ 13,4 bilhões em investimentos confirmados.
Em Macaé, por exemplo, Shell, Pátria Investimentos e Mitsubishi investem US$ 600 milhões na termelétrica Marlim Azul, que vai ajudar a elevar a capacidade de geração de energia no estado do Rio.
— Esse é um passo estratégico fundamental para a Shell no Brasil na diversificação de seu portfólio e na transição energética no país. Buscávamos uma maneira eficiente de monetizar o gás natural, que será produzido nos campos do pré-sal, onde nossa presença tem aumentado significativamente. Esse projeto permitirá uma sinergia entre nossos negócios de águas profundas, gás e energia elétrica, e, para isso, encontramos parceiros comprometidos e alinhados com nossos propósitos — afirmou André Araujo, presidente da Shell Brasil.
O Porto do Açu, em São João da Barra, também vem investindo na construção de térmicas. Em setembro, entrou em operação comercial a GNA I, que consumiu investimentos de US$ 1 bilhão.
A GNA 1 tem 1.338 MW de capacidade instalada, o suficiente para fornecer energia a seis milhões de residências. Além da GNA I, também será construída a GNA II, com 1.672 MW de capacidade instalada, suficiente para fornecer energia para 14 milhões de residências.
R$ 22 bi no Porto do Açu
O complexo contará ainda com mais duas térmicas (GNA III e GNA IV), cujos investimentos planejados chegam a US$ 5 bilhões.
Segundo José Firmo, CEO do Porto do Açu, o empreendimento é o principal vetor de desenvolvimento econômico regional, resultado de investimentos de mais de R$ 18 bilhões em infraestrutura.
— A previsão é que o Açu receba mais R$ 22 bilhões nos próximos dez anos, o que inclui o hub de gás. Aqui, estamos erguendo o maior parque de geração a gás da América Latina, com a primeira usina já em operação. Estamos progredindo para ter o maior polo de gás e energia do país no Açu, um local onde a oferta de gás atende a demanda industrial — disse o executivo.
A região Norte do Estado vai ainda receber investimentos para a finalização das obras da Rota 3, infraestrutura que vai trazer o gás do pré-sal para o Gaslub (antigo Comperj), em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio.
Na exploração e produção de petróleo em alto-mar, a petroleira Equinor vai dar início, em 2022, a uma nova fase no desenvolvimento do campo de Peregrino, na Bacia de Campos, que incluirá uma nova plataforma.
Isso vai adicionar entre 250 milhões e 300 milhões de barris de petróleo à produção. Segundo Veronica Coelho, presidente da Equinor no Brasil, essa segunda fase vai consumir investimentos de US$ 3 bilhões.
— Em duas décadas de atuação no Brasil, já investimos mais de US$ 11 bilhões e esperamos investir mais US$ 15 bilhões até 2030. São R$ 3 bilhões pagos em royalties no país até setembro de 2021. Tivemos marcos importantes esse ano, como a decisão final de investimento para o projeto de Bacalhau, na Bacia de Santos, com anúncio de investimentos de US$ 8 bilhões junto com nossos parceiros — detalha Veronica.
Mercado de trabalho em recuperação
Segundo a Firjan, o Rio foi fortemente afetado pela pandemia da Covid-19, com retração de 3,8% no PIB do Estado e perda de 151 mil vagas de empregos formais.
Porém, com a retomada da economia por conta do avanço da vacinação, os dados de mercado de trabalho sinalizam forte recuperação, com geração de 142 mil empregos até outubro deste ano.
Para a Firjan, a economia do Rio mostra força apesar da alta da taxa de juros, deterioração fiscal e alta inflacionária.
Além do setor de óleo e gás, o segmento de infraestrutura deve receber R$ 13,6 bilhões em investimentos.
Segundo a Firjan, o destaque é o setor de saneamento, com a privatização da Cedae, além do setor de rodovias, como a renovação da concessão feita pela Via Dutra pela CCR por mais trinta anos.
Também foram mapeados pela Firjan projetos de desenvolvimento urbano, que representam R$ 2,3 bilhões (1% do total), e mais R$ 7,6 bilhões em outros setores