O Sindipetro-NF recebeu ontem informações de que oito petroleiros da Petrobras, e um número ainda não identificado de petroleiros terceirizados, foram desembarcados da P-50 com sintomas da covid-19. Os desembarques começaram no último dia 30 e envolvem pelo menos 20 trabalhadores. Destes, de acordo com relatos dos trabalhadores, pelo menos 13 testaram positivo para o novo coronavírus.
As informações ainda não são precisas, em razão da falta de transparência da Petrobrás em relação aos casos de covid-19 e da resistência da empresa em cumprir decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que determina a emissão de CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho) em caso de contaminação nos locais de trabalho.
Mesmo com o quadro grave de contaminação na plataforma, outros petroleiros estavam sendo chamados para embarque, alguns sem passar por quarentena. As informações parciais foram passadas à entidade por trabalhadores, que estão abalados com o surto a bordo.
Para o NF, mesmo que seja necessário parar a produção, não é aceitável que petroleiros sejam embarcados para ser contaminados a bordo – aonde estão trabalhadores sem testar e outros que fizeram o teste mas ainda não sabem o resultado.
O sindicato recebeu relatos de que há trabalhadores que estavam com sintomas há vários dias e só foram desembarcados neste final de semana. A entidade cobrou da Petrobrás a realização de teste PCR, que detecta a covid-19 no início, em todos os trabalhadores e trabalhadoras à bordo.
“Apesar de todos a bordo realizarem o teste rápido no dia do embarque, este teste tem um período de janela de até 3 semanas após a exposição ao vírus. Já o PCR pode ter sucesso na detecção a partir de uma semana após a exposição”, explica o coordenador do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF, Alexandre Vieira.
O NF também denunciou o caso à inspeção de segurança do trabalho, da Secretaria do Trabalho – a estrutura de fiscalização que restou após o desmonte do Ministério do Trabalho e hoje é ligada ao Ministério da Economia.
Cresce pessoal a bordo
Como noticiou o Nascente desta semana, o sindicato enviou, no último dia 21, documento à companhia solicitando informações sobre o POB (pessoas a bordo, na sigla em inglês) máximo e médio de todas as unidades, marítimas e terrestres, das Bacias de Campos e do ES, assim como os procedimentos adotados para evitar contaminação por coronavírus.
“A partir de relatos dos trabalhadores, o sindicato tem verificado um aumento do pessoal a bordo durante a pandemia da covid-19. Um caso que chama a atenção é o da P-56, na Bacia de Campos, que passou de 132 para 176 o número de trabalhadores a bordo no intervalo entre 1º de junho e 1º de julho. Em seu site, ontem, o NF voltou a alertar que é preciso manter o POB baixo para reduzir o risco de contágio pelo novo coronavírus”, publicou o boletim.
Denuncie
O sindicato reforça que é muito importante que os petroleiros e petroleiras enviem informações à diretoria da entidade sobre os riscos á saúde e à segurança. É garantido o sigilo sobre a autoria de denúncias. Os contatos dos diretores e diretoras estão disponíveis aqui <https://sindipetronf.org.br/diretoria-executiva/> e os relatos também podem ser enviados para denuncia@sindipetronf.org.br.