Foto Divulgação/ Rui Porto Filho/Arquivo Secom

Em carta a sindicatos, estatal diz que Bacia de Campos será a mais afetada. Funcionários serão realocados ou desligados por acordo de demissão voluntária

A Petrobras inicia neste mês a parada de produção de várias plataformas para atingir a redução de 200 mil barris diários em sua produção total estabelecida pela direção da companhia. Com essa medida, alguns empregados dessas unidades poderão ser realocados em outras funções ou desligados por meio de acordo, aderindo ao programa de demissão voluntária. Representantes dos petroleiros estimam que cerca de 50 unidades podem ser paralisadas, afetando 2,6 mil trabalhadores.

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Em carta enviada aos sindicatos da categoria no dia 8, a companhia ressalta a situação delicada da companhia diante da atual crise gerada pela pandemia de coronavírus. Com a forte queda do preço internacional do petróleo, a Petrobras frisa a necessidade de adoção de várias medidas para cortar custos e informa que vai paralisar unidades na costa de vários estados.

Segundo com a Petrobras, as unidades que vão parar estão em águas rasas e campos terrestres e operam com custo de produção mais elevado. Com a queda dos preços do petróleo, plataformas passaram a ter fluxo de caixa negativo, segundo a estatal. Ou seja, o custo de produção do petróleo supera o de venda.

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A Bacia de Campos, no Norte Fluminense, que já representou cerca de 80% da produção total, será uma das mais atingidas com a hibernação de várias unidades que operam em águas rasas e em campos maduros (antigos), cujos custos são mais elevados.

Na carta, a Petrobras informou aos sindicatos que vai parar a produção de seis plataformas na Bacia de Campos, mas não indica claramente quantas unidades serão paralisadas. Segundo fontes do setor, outras seis unidades também vão ter as atividades paralisadas na costa do Norte Fluminense.

FUP estima que 50 podem parar

De acordo com levantamento realizado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), o número de plataformas a ter operações paralisadas pode chegar a cerca de 50, localizadas em águas rasas no litoral de vários estados: do Ceará ao Rio de Janeiro, passando por estados como Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia, Espírito Santo. Também deve ser suspensa, na visão da entidade, a operação de todas as sondas próprias de perfuração, além de campos terrestres de produção.

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Segundo Deyvid Bacelar, um dos diretores da FUP, o levantamento feito pela subseção do Dieese na federação mostra que essas unidades têm cerca de 2.600 trabalhadores próprios e 7 mil terceirizados. Segundo o diretor, em reunião realizada nesta terça-feira com a Petrobras, representantes dos sindicatos sugeriram que, em vez de parar esse número elevado de plataformas, afetando milhares de trabalhadores, a estatal poderia alcançar a redução da produção concentrando a paralisação em duas ou três unidades de grande porte.

– Em vez de a empresa promover esse impacto social pulverizado do Nordeste até o Sudeste, poderia reduzir a produção de grandes plataformas. Teria um impacto em poucos municípios e, no máximo, em um ou dois estados. Do jeito que está fazendo, a Petrobras vai afetar o emprego e renda em quase nove estados. Muitas pessoas vão ser transferidas e os terceirizados vão todos para a rua – afirmou Bacelar.

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Na carta, a Petrobras traça um cenário bem negativo, afirmando que todas as medidas adotadas são fundamentais para a sobrevivência da companhia. Ao destacar que a indústria do petróleo vive a maior crise dos últimos cem anos, a estatal afirma que “precisa se adaptar rapidamente a um cenário de incertezas” e que está realizando todos os esforços para preservar empregos. “É necessário agir rápido”, argumenta o texto.

Em outro trecho, a estatal acrescenta: “O cenário de incerteza é tamanho que precisamos ir além e tomar medidas preventivas para redução de desembolso e preservação do nosso caixa, a fim de reforçar a solidez financeira e a resiliência dos nossos negócios.”

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Em nota, a Petrobras afirmou que não haverá demissões de trabalhadores próprios dessas plataformas que serão paralisadas, mas sim a realocação ou desligamentos individuais com eventual adesão de empregados a um dos programas de demissão voluntária abertos pela empresa.

Não houve ou haverá demissões de empregados da Petrobras

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