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Petrobrás suspende contratos de manutenção de plataformas e atinge 4.500 trabalhadores

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Divulgação/ Paulo Roberto Pagot/Agência Petrobras

O efeito dominó detonado pela pandemia do coronavírus está derrubando, peça a peça, os personagens do setor de óleo e gás. Desta vez, quem sofreu o tombo – e severo, por sinal – foi o segmento de manutenção multidisciplinar de plataformas. A Petrobrás decidiu desmobilizar as atividades de manutenção destas unidades e suspender os contratos relacionados, já como reflexo da queda do preço do barril de petróleo e da pandemia da Covid-19. Com a medida, fontes consultadas pelo Petronotícias contabilizaram que pelo menos 4.500 funcionários foram desmobilizados de seus postos de trabalho.

A nossa reportagem apurou que a estatal pediu que cada uma das empresas que prestam os serviços de manutenção mantivessem embarcado apenas um pequeno grupo, formado entre 10 e 15 profissionais, para atender às necessidades emergenciais das plataformas. Sob esta determinação da Petrobrás, as companhias de manutenção desmobilizaram, ao longo das duas últimas semanas de abril, um grande contingente de profissionais que estava trabalhando nas embarcações.

A paralisação desses contratos afetou uma série de prestadoras de serviços, sendo algumas das principais listadas a seguir:

1 – Estrutural – 300 trabalhadores
2 – CSE/Aker – 350 trabalhadores
3 – Cobra – 500 trabalhadores
4 – MotaEngil – 700 trabalhadores
5 – Vince/Actemium – 900 trabalhadores
6 – Imetame – 700 trabalhadores

Além destes, a Petrobrás também paralisou os contratos com as embarcações de apoio envolvidas nas atividades de manutenção, as chamadas Unidades de Manutenção e Segurança (UMS). Em tempos de corte de gastos para sobreviver aos tempos hostis, a Petrobrás estaria pagando somente o combustível para a mínima manutenção dessas UMS, além de manter uma equipe de preservação.

Segundo dados disponibilizados pela própria Petrobrás, cada UMS tem uma força de trabalho por turma que pode variar, em média, entre 500 e 600 profissionais. Ainda segundo informações disponibilizadas pela estatal, cada unidade do tipo pode gerar entre mil e 1,5 mil empregos diretos, considerando que os profissionais trabalham em regime de escala de embarque. As embarcações abrigam profissionais de diferentes áreas – como mecânica, elétrica, manutenção de peças e equipamentos, hotelaria, movimentação de cargas, caldeiraria e pintura industrial.

Fontes de mercado ouvidas pelo Petronotícias manifestaram preocupação com a decisão adotada pela Petrobrás. Apesar de concordarem com a necessidade de enfrentamento da pandemia, principalmente no ambiente offshore, os profissionais consultados pela nossa reportagem ressaltaram que a suspensão dos contratos não é a melhor conduta. A alegação é que uma medida deste tipo deveria ser ajustada de acordo com os protocolos de segurança.

Pessoas que convivem com o segmento de manutenção classificaram a decisão da Petrobrás como “radical” e afirmam que a postura adotada pela petroleira contraria as orientações de não afetar as atividades produtivas com medidas radicais, sem um planejamento de conciliação com os critérios requeridos pelas autoridades de saúde. Além do receio com a integridade das operações das plataformas, existe ainda o temor em relação à economia do país e de municípios produtores, como Macaé (RJ), no norte fluminense.

Na última semana, conforme noticiamos, a Petrobrás disse que seu consumo de caixa poderia chegar a US$ 1 bilhão em meses de maior volatilidade dentro de um “cenário de estresse”. Como se sabe, a companhia teve de adotar ações de resiliência para poder passar por esse período turbulento causado pelo coronavírus. Uma dessas ações foi o desembolso de US$ 8 bilhões em linhas de crédito compromissadas para reforçar o caixa da estatal, anunciado no final de março.

O Petronotícias pediu um posicionamento da Petrobrás na noite de sexta-feira (8) sobre a decisão de suspender os contratos de manutenção. Porém, até o fechamento desta matéria, a empresa ainda não havia respondido nossos contatos.

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