Lula estaria aplicando uma série de “trancos” no partido com suas decisões.
A nomeação de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou irritação dentro do Partido dos Trabalhadores (PT). Esta decisão desconsiderou o preferido do partido, Jorge Messias, advogado-geral da União, cuja proximidade com o PT, especialmente com Jaques Wagner, líder do governo no Senado, era bem vista pela cúpula partidária. Fontes do Estadão, sob anonimato, revelaram que há uma percepção de que Lula ignorou as preferências de seu próprio partido. A indicação de Ricardo Capelli como ministro interino da Justiça, substituindo Dino, também causou descontentamento entre os petistas. Segundo eles, Lula estaria aplicando uma série de “trancos” no partido com suas decisões.
Além disso, o PT já estava tentando gerenciar a insatisfação pela indicação de Paulo Gonet como procurador-geral da República, substituindo Augusto Aras, esperando que Lula compensasse o partido indicando Messias para o STF. A nomeação de Dino, que é filiado ao PSB e considerado um adversário político por membros do PT e bolsonaristas, foi uma surpresa desagradável para o partido. Lula também enfrentou críticas pelo nome de Gonet, visto como “ultraconservador” por grupos de esquerda, mas conseguiu apoio de petistas influentes no Planalto para dissipar o mal-estar. A escolha de Dino e Gonet será submetida a sabatinas no Senado, onde enfrentam resistência, especialmente Dino, que atuou contra bolsonaristas envolvidos em atos golpistas.
O presidente Lula, ao indicar Dino para o STF, contou com a garantia de aprovação de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, e Davi Alcolumbre, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Nos bastidores, há especulações de que Jaques Wagner, líder do PT no Senado, pode ter cooperado nessa decisão ao se aliar a Pacheco e Alcolumbre, apesar de tal movimento ter causado irritação no PT e no Supremo.