Projeto de extensão do PELD RLAC com apoio do CNPq e FAPERJ, coordenado pela UFRJ, alcançou cerca de 20 escolas da região norte fluminense.
Macaé – Com o objetivo de discutir a problemática do lixo em ecossistemas costeiros, o Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração – Sítio Restinga e Lagoas Costeiras (PELD RLAC), financiado pelo CNPq e pela FAPERJ e coordenado pela UFRJ, criou e colocou em cena a peça de teatro infantojuvenil “O Canto do Lixo”. A iniciativa faz parte das ações de Educação Ambiental e Divulgação Científica direcionada para escolas do Norte Fluminense.

A apresentação, que contou com três atores de Macaé no palco: Sofia Mendes, Vitória Aíssa e Adriano Uzah. Sofia Mendes trouxe à cena uma atriz que representa uma boneca, Vitória Aíssa fez uma catadora de materiais recicláveis e Adriano Uzah incorporou um menino-caranguejo – figura híbrida que simboliza a relação entre natureza e cultura. A trama ainda incorpora, por meio de projeções audiovisuais, a “vovó do mangue” e o saci, personagem do folclore brasileiro, enriquecendo a narrativa com elementos audiovisual, culturais e afetivos.
Além de abordar sobre os impactos do descarte inadequado de resíduos, a peça também ressalta a importância das cooperativas de reciclagem no gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos.

De acordo com o professor Rafael Nogueira Costa, coordenador da Educação e Divulgação Científica do PELD RLAC, a receptividade do público infantojuvenil foi muito positiva. “Foi inspirador ver a magia do teatro atuando como um potente processo de comunicação científica. As crianças não apenas assistiram, mas se tornaram parte da história, interagindo, se emocionando e repetindo bordões como ‘caranguejo, caranguejo!’. Esse entusiasmo traduz o sucesso em engajá-las numa reflexão crítica e afetiva sobre os nossos impactos no ambiente costeiro. O teatro mostrou-se uma ponte extraordinária entre o conhecimento acadêmico e a formação intelectual dos estudantes”, destacou.
Projetos como ‘O Canto do Lixo’ materializam a essência da universidade pública: a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Ao unir rigor científico com linguagem artística, foram ultrapassados os muros da academia, proporcionando a democratização do saber. A arte provoca uma compreensão sensível e profunda das questões ambientais, formando cidadãos mais críticos.

Esta peça não é um acessório à pesquisa; é uma via de mão dupla onde a ciência informa a arte e a arte devolve à sociedade um novo olhar, mais comprometido com a conservação da vida.
“Trabalhar nesse processo como diretor teatral e dramaturgo, atuando na mediação entre ciências e artes visando a educação não formal e divulgação científica foi uma grande alegria. Pude reencontrar e ampliar conhecimentos gestados ao longo de anos de vivências como ator, dramaturgo, diretor teatral e professor de química”, Leonardo Moreira (pesquisador do Instituto Multidisciplinar de Química, do Centro Multidisciplinar UFRJ Macaé).
Para a estudante da Graduação em Ciências Biológicas, o processo de construção da peça foi transformador: “Quando eu era criança, não tive muito acesso a esse tipo de experiência cultural, então fazer parte dessa peça tem um significado enorme pra mim. Participar desde a criação do texto até a produção e montagem de tudo tem sido um grande aprendizado, especialmente por me mostrar, na prática, como a Ciência e a Arte podem se conectar de forma tão bonita e transformadora. Sinto que estou crescendo não só artisticamente, mas também como pessoa e educadora” (Kembelly de Azevedo, estudante do Curso de Graduação em Ciências Biológicas, modalidade Licenciatura pela UFRJ).
As apres
entações foram realizadas em espaços como o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense e o Teatro Firjan Sesi, alcançando aproximadamente 20 escolas da rede básica de ensino. Professores também avaliaram a atividade como um processo pedagógico eficaz para abordar a educação ambiental de forma lúdica, crítica e criativa.
A UFRJ segue desenvolvendo pesquisas e ações de extensão no norte do Estado do Rio, reforçando a necessidade de conservação e de uma relação mais harmônica entre sociedade e natureza.









