O interventor federal na segurança pública do Rio de Janeiro, general Walter Braga Netto, disse nesta terça-feira (27) que não está nos planos de seu gabinete a realização de ocupações permanentes em favelas da região metropolitana. Segundo o general, as operações serão pontuais e com tempo determinado para terminar.

“Não existe planejamento de ocupação permanente de comunidades. As operações vão continuar pontuais e por tempo determinado”, disse o general.

Segundo Braga Netto, as Forças Armadas continuarão a participar de operações integradas fazendo o cerco no entorno de comunidades e as polícias estaduais se mantêm responsáveis pelas ações no interior dessas áreas.

“Não há mudança no momento. As Forças Armadas já participam desse tipo de operação. Apoiamos quando a polícia entra para fazer uma prisão. Damos o suporte para que a polícia possa entrar com tranquilidade na comunidade”, disse ele, que complementou: ” Cada órgão vai fazer o seu papel”.

Chefe do Gabinete de Intervenção Federal, o general Mauro Sinott

Chefe de gabinete da intervenção e secretário de segurança

Braga Netto concedeu uma entrevista coletiva à imprensa de pouco mais de 20 minutos e apresentou o chefe do Gabinete de Intervenção Federal, o general Mauro Sinott. O gabinete funcionará no Centro Integrado de Comando e Controle, na Cidade Nova, na região central, e vai reunir representantes de órgãos das três esferas de governo. Sinott afirmou que a intervenção é uma oportunidade para órgãos de segurança pública superarem gargalos e terem melhorias permanentes.

“O que vai permanecer no tempo é atuar nesses gargalos que hoje trazem alguma dificuldade aos órgãos de segurança pública”, avaliou Sinott, que apontou problemas como atrasos de pagamentos de agentes, viaturas deficientes e necessidade de recomposição de efetivo.

Além de Sinott, foi apresentado o novo secretário estadual de segurança pública, Richard Nunes, que também é um general do Exército. Segundo Braga Netto, Nunes fará sua primeira reunião com os órgãos de segurança nesta terça-feira (27).

Nunes disse que será necessário redimensionar as Unidades de Polícia Pacificadora. “As UPPs permanecem, mas temos um diagnóstico que indica a necessidade de redimensionamento de certas ações nessa área”, disse, sem detalhar o que será feito.

Corregedorias

O general Braga Netto afirmou que o restante da estrutura da segurança pública, como o comando da Polícia Militar e a chefia da Polícia Civil, permanecem os mesmos no momento. “Estamos em uma fase de estudos”.

Braga Netto avaliou que a intervenção será um trabalho gerencial e destacou que os objetivos são recuperar a capacidade operativa dos órgãos de segurança pública e baixar os índices de criminalidade do estado, que continuarão a ser apurados e divulgados pelo Instituto de Segurança Pública.

O general também manifestou a intenção de fortalecer as corregedorias das polícias para combater a corrupção. “A intenção nossa é fortalecer as corregedorias e tomar todas as medidas que forem necessárias para que o bom policial seja valorizado e o mau profissional seja penalizado”.

Recursos

O interventor afirmou que trabalha, por enquanto, apenas com o que está previsto no decreto, que são os recursos de segurança pública já existentes no orçamento do Rio de Janeiro. “Brasília nos dará aporte, mas ainda não tenho informação de valores, porque nós mesmos ainda não levantamos esses valores”.

O general destacou que, apesar das dificuldades, a segurança pública do estado do Rio de Janeiro “não deixou de existir” no período anterior à intervenção. Na visão dele, um dos ganhos permanentes que esse período de intervenção pode trazer é recuperar a credibilidade das instituições estaduais de segurança pública.

“A intervenção é gerencial. O objetivo é integrar e cooperar. A intenção nossa é que, ao final da intervenção, a credibilidade e o orgulho de ser policial militar e civil no Rio de Janeiro tenham um ‘up'”.