Há duas décadas, Macaé se tornou a cidade do interior fluminense pioneira a implementar um modal inovador e diferenciado de transporte público, eficiente no que diz respeito à agilidade no deslocamento dos coletivos, através da integração dos pontos de embarque e desembarque de passageiros.
Financiado pela abundância das receitas do petróleo, o Sistema Integrado de Transportes (SIT) ajudou a consolidar também a hegemonia da exploração das linhas que transportam mais de 100 mil pessoas por dia, reforçando assim os laços entre o público e o privado, que nem mesmo as diferentes administrações que vieram após essa parceria foram capazes de romper.
Ao longo desses 20 anos, o SIT perdeu a força e foi desconfigurado, sendo assim substituído por um modelo de gestão do transporte público caro para os cofres da cidade. Saiu a Integração e entrou o subsídio da passagem a R$ 1, algo que contribuiu ainda mais para estreitar os laços entre o governo e a empresa do transporte.
Enquanto mais de R$ 350 milhões deixaram os cofres públicos da cidade em quatro anos, e abasteceram a empresa que “ganhou” a prorrogação do prazo de concessão do transporte, os pontos de embarque e desembarque de passageiros foram sucateados, ao ponto de comprometer diretamente a segurança dos usuários.
De algo inovador, a SIT se transformou em um elefante branco, fruto de uma birra política que ajuda a danificar os feitos conquistados por Macaé nas quatro décadas de prosperidade do petróleo.
Hoje, por reclamação do povo e esforço da Justiça, a cidade se prepara para receber a primeira intervenção real nas instalações do Terminal Central, ponto de partida dos coletivos que circulam à base do subsídio da passagem a R$ 1.
Mais que uma ação focada em proteger os usuários, as obras representam a necessidade de cuidado com o bem público, independente do governo responsável pela sua realização. Enquanto não houver compromisso com as coisas da cidade, demandas estruturais se acumularão, tendo ou não milhões depositados nas contas do governo.
Se o ditado diz “antes tarde do que nunca”, é preciso acreditar que as intervenções no Terminal Central sejam suficientes para acabar com a destruição que o tempo e a falta de manutenção foram capazes de provocar.