Um grande amigo, usando a sua notável e comprovada inteligência, solicitou ao ChatGPT uma análise comparativa das vantagens e desvantagens para os Estados Unidos e China, e consequências esperadas das taxações anunciadas recentemente por Donald Trump. As opiniões da inteligência artificial coincidiram com aquelas que as inteligências naturais (sim, elas ainda existem e esse meu amigo é a prova viva) já vêm divulgando há bastante tempo.

Vejam vocês mesmos o que a IA respondeu:

Produção industrial e exportações: Os Estados Unidos tendem a ser mais impactados. A China possui maior capacidade de adaptação e já vem diversificando seus mercados. A indústria americana, por outro lado, pode perder valor de mercado em setores estratégicos como tecnologia e aeroespacial;
Cadeias de suprimento globais: Os Estados Unidos são mais vulneráveis. Muitas empresas americanas dependem da manufatura chinesa, e a realocação dessas cadeias de suprimento é cara, complexa e lenta;
Consumo doméstico: Os Estados Unidos novamente são mais afetados. A população americana depende de produtos chineses baratos, e as tarifas impactam diretamente a classe média e os mais pobres, elevando a inflação e gerando pressão política;
Resiliência política interna: A China leva vantagem clara. Seu regime autoritário permite controle sobre a mídia, intervenção direta na economia e manutenção de estabilidade social mesmo em tempos de crise. Já os Estados Unidos enfrentam oposição política imediata, com pressão do Congresso, da imprensa e dos eleitores;
Mercados de destino alternativos: A China perde acesso a um grande mercado, mas tem mais opções de redirecionamento comercial devido a acordos bilaterais e parcerias com diversos países. Assim, o impacto sobre ela é menor nesse aspecto;
Confiança dos investidores: Ambos os países perdem, mas os Estados Unidos têm sua posição fragilizada. A confiança no dólar como ativo seguro está sendo desafiada por alternativas como o ouro e o franco suíço;
Dólar como refúgio seguro: O dólar tende a se valorizar no curto prazo, mas perde força como único porto seguro. Há uma fuga crescente para ativos como ouro e franco suíço, o que reduz uma vantagem tradicional dos Estados Unidos em crises globais;
Impacto no PIB no curto prazo: Ambos sofrem queda no crescimento econômico, mas os Estados Unidos tendem a ser mais afetados pela sensibilidade de seu consumo interno e pela reação do mercado financeiro;
Impacto estrutural no longo prazo: Os Estados Unidos têm mais a perder. A China vem se posicionando como potência alternativa, construindo infraestrutura geopolítica e econômica (como a Iniciativa do Cinturão e Rota), o que pode reduzir a influência americana no cenário internacional;
Conclusão do ChatGPT: Apesar de ambos os lados sofrerem com uma guerra comercial, os Estados Unidos perdem mais no conjunto da obra. A China, com seu controle político, capacidade de redirecionar exportações e estratégia de longo prazo, suporta melhor os efeitos prolongados de uma disputa tarifária.

De posse desses dados, aliando a resposta da IA com as opiniões unânimes de cientistas sociais, economistas, analistas de mercado, exportadores, importadores, políticos, e toda sorte de especialistas que concordam que a China será beneficiada com essas taxações adotadas pelo governo Trump, pude concluir que, ou toda unanimidade é burra (obrigado Nelson Rodrigues!), e todos, incluindo o Chat GPT, estão errados, ou estamos de diante de um problema alarmante, grande e desconhecido, e que só o tempo esclarecerá.

Por outro lado, mesmo aceitando que todas as análises dos humanos estão certas, é razoável supor que na equipe do governo do país mais rico do mundo existem cabeças luminares e assessores capazes de fazer estudos profundos e competentes sobre qualquer assunto. Como acreditar que eles deixaram o presidente Trump promover taxações tão danosas ao seu próprio país? Seria ele um louco? Mas, e os auxiliares que o cercam seriam todos malucos também? Muito difícil aceitar que a Casa Branca teria se transformado num enorme manicômio.

Outra hipótese, digna das mais elaboradas teorias da conspiração, é que Trump seria um agente chinês, infiltrado nos Estados Unidos há muitas décadas, o que seria compatível com a proverbial paciência chinesa e com o olavismo terraplanista.

O grande e terrível problema surge ao supor a existência de um plano maquiavélico, não explícito, ainda incompreendido pela inteligência mundial, onde o tarifaço seria o gatilho de um movimento que viabilizaria o sonho trumpista (ou Steevebanista?) de dar aos Estados Unidos a hegemonia econômica, política e militar mundial. A ditadura universal!

E aí residiria a grande preocupação dos dirigentes mundiais, e que deveria ser compartilhada por todos, até mesmo por aqueles governantes que se deixaram fotografar com bonés da campanha MAGA – Make America Great Again, numa inútil vassalagem.

As perguntas que se faz, e ainda sem respostas, é: como combater esse plano? Como derrotar um inimigo que se sabe onde está, mas não se sabe qual o seu objetivo e – pasmem! – talvez nem exista?

Rio, 2025

Por: Alfeu Valença – Original do Portal Tempo Real