Alteração de transmissores pode representar uma economia próxima a 40% do consumo de energia elétrica
Ações importantes para a preservação de recursos naturais nem sempre despertam a atenção, de imediato, para seus impactos. Os resultados alcançados são diluídos ao longo de anos e, nesse aspecto, parecem mais com efeitos indiretos. Exemplo disso é a ação do Ministério das Comunicações (MCom) que orienta o processo de adaptação das outorgas concedidas a emissoras que operam em Ondas Médias (OM). Na vitrine deste trabalho está a migração para a faixa de FM – mas na coxia está a economia de energia elétrica.
O raciocínio é simples: a maioria das emissoras de rádios que operam em OM possui transmissores “valvulares”, enquanto as rádios FM trabalham com transmissores “transistorizados”, com potências menores. A mudança implica (dependendo da faixa de frequência e da potência) em redução da energia necessária ao funcionamento dos equipamentos. Ou seja, economia de recurso natural.
Mas antes de falar de economia de energia envolvendo a migração OM-FM, é importante considerar outros fatores e fazer a avaliação detalhada sobre as equivalências entre emissoras. Em 2013, existiam 1.781 emissoras operando em OM, em caráter local, quando o Decreto 8.139/13 – que dispôs sobre as condições para a extinção do serviço – foi editado. Deste então, 1.670 rádios aderiram ao processo de adaptação que, gradativamente, vem avançando.
Mesmo com quase mil contratos assinados com a União, cerca de 210 emissoras migrantes ainda não apresentaram projetos técnicos para o FM. No entanto, são eles que vão apontar, em definitivo, a diferença de consumo de energia, uma vez que este fator está relacionado à altitude de instalação da emissora.
“Atento a esse cenário, o MCom estruturou uma política pública que pretende ampliar a qualidade do áudio e da transmissão”, afirmou o ministro substituto das Comunicações, Maximiliano Martinhão. “Nosso desejo é garantir que emissoras possam continuar a prestação dos serviços no FM, o que amplia a diversidade de conteúdo, a competitividade no setor e melhora o serviço para o cidadão”, reforçou.
Na prática, cabe afirmar que as emissoras com grandes potências têm redução significativa no consumo de energia. Este é o caso de uma emissora de grande porte em São Paulo, que atualmente conta com 200 kW (kilowatts) de transmissor em OM. Estima-se que, após a migração para o FM, ela poderá usar um transmissor com 20 kW.
Em condições semelhantes, pode-se afirmar que há uma economia próxima a 40% no consumo de energia elétrica. A redução deve ter menor intensidade para rádios que operam com transmissores cuja potência fica entre 10 kW ou mesmo 1 kW.
POLÍTICA PÚBLICA – A migração das emissoras atende a uma solicitação das próprias emissoras, que há anos sofrem com a perda de sua audiência, pelo fato desse serviço ser mais suscetível à ruídos, interferências, custos elevados de instalação e manutenção de estações e, ainda, grande consumo de energia elétrica na operação. As mudanças também são necessárias porque a operação das OM, em caráter local, será extinta em dezembro de 2023.
Por Portal Novo Norte